Começou, no Tribunal Judicial de Mirandela, a repetição do julgamento de um jovem de 22 anos, acusado de ter morto o tio com um tiro de caçadeira e de ter abandonado o cadáver, que só foi descoberto mais de dois anos depois.
Frederico Machado já tinha sido absolvido pelo Tribunal de Valpaços, em Junho do ano passado, dos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e detenção de arma proibida.
No entanto, o Ministério Público não concordou com o acórdão e apresentou recurso para o Tribunal da Relação que anulou o julgamento, e deliberou a sua repetição, desta vez, em Mirandela.
Frederico Machado foi detido pela PJ de Vila Real, em Agosto de 2011, depois de terem sido intercetadas duas SMS trocadas com a sua namorada, onde, alegadamente, terá confessado a autoria do crime.
Após o primeiro interrogatório judicial, ficou em prisão preventiva, até Junho do ano seguinte, altura em que o tribunal de Valpaços considerou que não ficaram provados os crimes de que era acusado e decidiu-se pela absolvição.
O caso aconteceu há cinco anos (24 de Dezembro), quando Frederico, na altura com 17 anos, saiu de casa da avó, com quem vivia juntamente com o seu tio (José Machado), em Ervões (Valpaços), e dirigiu-se a um casebre.
Nas traseiras, muniu-se de uma caçadeira que o arguido havia guardado alguns dias antes, “altura em que pensou servir-se dela para tirar a vida ao seu tio”, relata a acusação..
A arma estava carregada com dois cartuchos e resolveu ir ter com o tio que se encontrava numa propriedade agrícola, no lugar de Morogueiro. Ao chegar ao local, “a dez metros de distância da vítima, efetuou um disparo que atingiu o tio, de 44 anos, no peito, facto que levou a vítima a cair para trás e a rebolar até cair junto a uma poça de água.”
De seguida, o arguido bateu com a arma num pinheiro e partiu a coronha, atirando-a depois para dentro da poça de água e abandonou o local, dirigindo-se para casa da avó, tendo participado, nesse dia, na preparação da fogueira de consoada da aldeia.
O desaparecimento da vítima foi participado às autoridades, duas semanas depois, por uma irmã, mas só dois anos depois – 19 de Fevereiro de 2011 – um habitante da aldeia encontrou as ossadas de José Machado, submersas na água, lama e vegetação, quando limpava a referida poça de água.