Desemprego contribui para aumento de casos de Violência Doméstica

O desemprego vivido em altura de crise está a contribuir para fazer aumentar os números da violência doméstica no distrito de Bragança.

Um fenómeno revelado no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra Mulheres.

No ano passado, o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica do distrito de Bragança acompanhou 297 casos, dos quais 191 eram novos. Este ano ainda não há dados contabilizados, mas a coordenadora acredita que vão ser ultrapassados porque as pessoas denunciam mais e estão menos tolerantes à violência. “A ausência de rendimentos cria conflitos porque a aquisição de bens essenciais não é concretizada e em muitos casos têm de recorrer aos refeitórios sociais”, refere Teresa Fernandes, acrescentando que “a falta de recursos económicos e as dificuldades na gestão da economia doméstica, potencia factores de conflito, para além do tempo em que homem e mulher passam em casa por estarem desempregados”.

Outra realidade que está a crescer é a da violência contra idosos. “É uma realidade que está a aumentar no distrito porque na sequência desta crise económica, a pensão dos idosos é utilizada como fonte de rendimento para o agregado familiar que retira o idoso do lar onde está institucionalizado e ao regressar a casa e ser incluído num ambiente familiar já disfuncional, estamos a potenciar uma situação de risco”, afirma a responsável à margem do segundo Seminário de Investigação e Práticas da Intervenção na Violência Doméstica, que decorreu ontem, em Bragança, onde se falou também da exposição de crianças à violência doméstica.

A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Bragança está a acompanhar alguns casos. A presidente revela que o número de casos também “tem aumentado ligeiramente, neste momento estamos a acompanhar cerca de 80 casos, a maioria por negligência, mas também há casos de exposição à violência doméstica”. Anabela Martins esclarece que as crianças “não são vítimas de agressão, mas assistem à violência entre os pais”. Ainda assim, até agora não houve necessidade de retirar crianças do meio familiar.

Escrito por Brigantia (CIR)