A prova de avaliação de professores é o assunto que lidera, neste momento, todos os protestos por parte dos docentes e estruturas sindicais.
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) quer com esta nova medida colocar à prova os conhecimentos e as capacidades do docente em lecionar.
O ministério tutelado por Nuno Crato lançou esta exigência aos professores e quem não realizar a prova ficará excluído de dar aulas no próximo ano letivo.
O diretor do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros é manifestamente contra esta medida do Ministério da Educação.
“Não concordo de todo. O sistema tem funcionado. Percebo que há coisas que não funcionam tão bem, mas porque a atitude do Ministério com as escolas tem sido a da presunção da incompetência. Não dão espaço às escolas, nem autonomia para escolher e avaliar os professores. Nas escolas a contratação é central”, afirma.
Para Paulo Dias, a prova é um mecanismo que a tutela encontrou para justificar a não contratação de docentes.
“A prova de avaliação dos professores é um mecanismo fictício que o Ministério da Educação está a encontrar para justificar a não-contratação ou a não-inclusão de docentes nos quadros. Não faz sentido avaliar professores que já dão aulas há 10 anos, e que já são, inclusive, avaliados nas escolas, pelo seu desempenho”, frisa.
“Tão pouco faz sentido avaliar jovens licenciados, que foram certificados pelas universidades. Neste momento vão fazer uma prova que vai validar o conjunto de professores e formadores que tiveram até ao momento, pois eles certificaram aqueles indivíduos para dar aulas. Todos os que fizeram parte do percurso destes jovens estão a ser postos em causa no momento dessa prova. Penso que há o risco de se estar a por em causa todo o sistema educativo nacional” sublinha o diretor do Agrupamento.
O responsável pela escola pública de Macedo de Cavaleiros é imperativo ao dizer que, por detrás desta prova estão, mais uma vez, interesses economicistas.
“A precariedade interessa neste momento ao tipo de governação que temos. Um professor com 10 anos de serviço, se entrar na carreira, em termos de vencimento, terá um aumento exponencial. O vencimento de que vai auferir é muito superior. E estamos a falar de uns largos milhões de euros.
“Por outro lado, se de facto não correr bem, em termos de opinião pública, mais uma vez os professores e as escolas públicas vão ficar mal vistos e enfraquecidos. Isto também interessa ao governo, ao nível das negociações que são feitas com os sindicatos. Quanto pior for a imagem dos professores, mais fragilizados estão para a negociação”, refere.
Termina hoje o prazo de inscrição na prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, obrigatória para os professores não integrados na carreira docente que queiram continuar na via do ensino.
Na semana passada estavam inscritos cerca de 37 mil professores, e no total serão cerca de 45 mil os professores contratados que terão de fazer esta prova, caso queiram candidatar-se a dar aulas no próximo ano letivo.
O Ministério de Nuno Crato veio também dizer que, afinal, que os docentes que estão fora do país podem realizar a prova no estrangeiro.
Escrito por Onda Livre