Recursos financeiros para agricultura são mal aproveitados

As verbas destinadas ao setor agrícola estão a ser mal geridas.

As palavras são do coordenador da Federação da Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro (FATA), Luís Cabanas, que afirma que o dinheiro destinado a financiar a agricultura tem sido mal aproveitado.

Um dos exemplos é o caso dos projetos para jovens agricultores.

Na opinião de Luís Cabanas, o regresso às origens é uma ideia romântica, e não considera nenhum plano apresentado viável a mais de cinco anos.

microfone

“Já há muitos anos que se fala em jovens agricultores, sobre a sua instalação e incentivos.

Só que depois há muita burocracia e há muito desencanto, porque, no caso dos jovens agricultores, são projetos a cinco anos.

Eu continuo a defender, e já o ando a dizer há mais de 20 anos, que não consigo encontrar nenhum projeto que em cinco anos seja viável e rentável.

Ao fim desses cinco anos esse projeto pura e simplesmente pode ir para o lixo e fazer outro. E andamos a gastar dinheiro à toa.”

O coordenador de Trás-os-Montes acrescenta que a região é pouco competitiva a nível nacional, no que toca à agricultura, porque está limitada a um curto número de produtos que consegue produzir em proporção de quantidade e qualidade.

Luís Cabanas relembra que foram distribuídas alfaias agrícolas, nomeadamente tratores, de forma indiscriminada, recorrendo a fundos comunitários.

microfone

“Não se otimiza nem se fazem contas aos custos.

Vamos imaginar que uma aldeia tem 200 pessoas, fazia sentido nessa aldeia haver, por exemplo, quatro tratores, e eles trabalharem para essas pessoas todas, do que cada uma ter o seu trator. Isto é a loucura.

E depois, batemos sempre nisto. Nós aqui produzimos em qualidade e quantidade o azeite e a castanha, e pouco mais.”

Por forma a otimizar a produtividade transmontana, Luís Cabanas julga que a eliminação das divisões dos terrenos agrícolas, típico da região, poderia colocar Trás-os-Montes no bom caminho.

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“Criar grandes parcelas.

Por exemplo, um hectare que é de 10 pessoas. Podiam eliminar-se as barreiras físicas dos murinhos e das sebes. Era na mesma de todos, mas seria ampla para ser trabalhada.

O que produzia e a despesa de produção seria dividido por todos.”

Luís Cabanas, coordenador da FATA, acha que o dinheiro para financiar a agricultura na região é mal aproveitado, ao ser empregue em projetos sem futuro e descartáveis ou ao ser investido em alfaias, sem grande controlo.

Uma das soluções para tornar a região competitiva a nível nacional, diz o coordenador, poderia passar pela eliminação das separações físicas nos terrenos agrícolas, elegendo deste modo mais terreno cultivável.

Escrito por ONDA LIVRE