Temos um Ministério da Doença e uma devoção a “Nossa Senhora do Dinheiro”

Em Portugal não há um ministério da Saúde, mas antes um ministério da doença.

Tal declaração foi proferida pelo professor catedrático e conhecido médico legista, Pinto da Costa em Macedo de Cavaleiros, na sua passagem pela II Feira da Saúde.

O especialista em medicina legal disse que as doenças podem ser evitáveis através de uma alimentação regrada e equilibrada, e isso começa no seio familiar.

José Eduardo pinto da Costa afiança ainda que há demasiados hospitais no país.

 

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“Não temos um Ministério da Saúde, temos é um ministério da doença. Porque ninguém se preocupa em evitar as doenças.

Se nós comêssemos todos equilibradamente não estávamos doentes. Começa por aí.

Se nós bebêssemos todos equilibradamente – ou seja, água – também não estávamos doentes.

Portanto, nós deveríamos ter um Ministério da Saúde a atuar efetivamente. E não propriamente um que só pensa nas doenças, e em arranjar muitos hospitais. Nós hoje temos hospitais a mais em Portugal.

Porque por uma questão de política, aqui há uns anos, todas as terras queriam ter o seu “hospitalzinho”.

Há hospitais que não funcionam, que estão fechados. O hospital de Abrantes, por exemplo, está alugado para outras coisas que nada têm a ver com isso. Mas tinha que ter um hospital.

Portanto, na realidade, é uma gestão da saúde que devo começar com o próprio, no âmbito das famílias.

Uma família equilibrada vai promover a saúde de todos os seus membros.”

O médico é professor catedrático no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto, consultor do Mestrado de Medicina Legal da UP, e docente de Psicologia Forense na Universidade Lusíada.

O principal problema que tem gerado alguma controvérsia na área dos serviços de saúde, para Pinto da Costa reside na mentalidade de cada um.

A solução está no equilíbrio entre o bom e o prejudicial, e recorre ao exemplo do álcool e do tabaco para dar uma tacada ao Governo e aos impostos que seguem para os cofres do estado.

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“Nós hoje temos legislação sobre o álcool. Mas é uma legislação que está muito longe da realidade.

Porque a quantidade fisiológica que nós temos de álcool no sangue sabe qual é? É 0,0.

Portanto, tudo que for acima de zero é anormal. É um corpo estranho que vai prejudicar o cérebro e todos os outros órgãos. Em termos de estruturação de personalidade já vai haver um defeito.

Vai haver doenças.

Porque tudo resulta do equilíbrio mais ou menos homogéneo do que o cérebro manda. Não manda só. Também obedece. Obedece aos estímulos exteriores. Obedece a interpretação sensorial dos estímulos.

Nós quando estamos a olhar para uma floresta estamos tranquilos. A olhar para as folhas, a ver os passarinho. O que é que nós fazemos? Substituímos as árvores das florestas por florestas de cimento.

Daí termos muitos doentes.

Temos muitos doentes e temos que resolver os problemas posteriores daqueles que estão doentes e que não deviam estar doentes.

Temos que tratar as pessoas com bronquites, com estenoses pulmonares, etc. Porquê? Porque fumaram alarvemente. Mas também fumaram alarvemente porque o Estado ganha milhões de impostos com o tabaco.

Isto é tudo um ciclo vicioso.”

O médico e professor catedrático, J.E. Pinto da Costa recorreu à ironia para dizer que o problema mais gravoso que se vive é a devoção em torno daquilo que chamou, de “Nossa Senhora do Dinheiro”.

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“Nós temos que mudar a nossa ordem a nível mundial.

Hoje falava-se em espiritualidade o aspeto mágico-religioso também conta, e nós hoje temos uma religião nova. Que é a Nossa Senhora do Dinheiro.

E esta religião da Nossa Senhora do Dinheiro prevalece sobre toda a valoração humana. A pessoa humana não interessa. O que interessa é o dinheiro.

Portanto, fechamos os hospitais, diminuímos às despesas, porque estamos a cultivar, e muito bem, a magia religiosa do momento, que é a Nossa Senhora do Dinheiro.

A pessoa humana fica prejudicada, e muito bem, porque não tem qualquer validade.

Isto vai mudar. Dá-se naturalmente a volta por exaustão. No século XXII vai ser diferente. Vai ser o século do amor. Nós vamos compreender-nos todos uns aos outros, vamos ter solidariedade, vamos sorrir quando o outro sorrir, vamos chorar quando o outro chora.

Vai ser diferente. Temos é que esperar um bocadinho até ao século XXII.”

Declarações bem peculiares do médico especialista em medicina legal, José Eduardo Pinto da Costa.

Excertos de uma entrevista concedida à Jornalista, Lídia Martins aquando da sua passagem pela Feira da Saúde.

 Informação ONDA LIVRE