A flora melífera transmontana tem um enorme potencial, daí a existência de uma grande riqueza de variedades de mel e da sua qualidade.
As palavras são do docente no departamento de Zootecnia da UTAD, Paulo Almeida durante o I workshop de identificação de flora melífera que se registou este sábado, em Macedo de Cavaleiros.
É destas plantas produtoras de substâncias que as abelhas vão buscar o seu alimento, o néctar e o pólen, para depois produzirem o mel.
O docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro explicou o conceito de morfologia botânica, qual o método a usar para recolher plantas e constituir um herbário e quais os géneros de floras existentes na região.
“Este workshop tem como objetivo dar um pouco a conhecer a flora de Trás-os-Montes, principalmente a apicultores ou interessados em apicultura, para poderem ter uma ideia de como avaliar o potencial de produção da sua região.
São lhes dadas algumas ferramentas. Como elaborar um herbário. Quais são as espécies que predominam e que mais visitam; e mais que tipo de matéria-prima elas vão recolher.
Porque há flores que predominantemente dão néctar, há outras que dão pólen, outras que dão melada e outras que dão própolis.
E, portanto, de acordo com a espécie em causa, assim ficam a saber qual é a principal matéria-prima produzida por cada planta.”
O também responsável pelo laboratório apícola da UTAD, o “Labapis” referiu que o mel predominante na região é o extraído da planta de rosmaninho e deu outros exemplos.
“Se a abelha produz mel a partir do néctar e da melada, automaticamente, a flora que lhe serve de base vai marcar as características desse mel.
Porque a abelha só faz dois trabalhos ao néctar, que é desumidificar e adicionar-lhe enzimas, que vão desdobras os açúcares que compõem esse néctar.
Nesta região uma das plantas que mais marcam o mel é o rosmaninho, chamada Lavandula Pedunculata, tem substâncias aromáticas que “impregnar”, constituir esse mesmo mel.
O sabor mais adocicado, mais leve e aromático do rosmaninho e a sua cor amarela identificam-no perfeitamente.
Por outro lado, se formos para zonas mais altas, temos as urzes, que são as Erica, assim o mos o mel de melada dos carvalhos. Tem um sabor meio caramelo, bastante doce, e que é diferente do da urze ou do rosmaninho.”
Gostos não se discutem e o docente diz que em Trás-os-Montes há mel para todos os paladares.
“Cada pessoa gosta, particularmente, de um determinado mel. Regra geral aquele a que se habituaram enquanto crianças.
Portanto, de certeza que as pessoas que são da zona de Mirandela apreciam mais o mel de rosmaninho, porque é esse que é característico.
As zonas mais de montanha, como as aldeias do Marão, se lhes chegarem com um frasco de mel de rosmaninho vão-lhes perguntar se aquilo é mel, porque para eles mel é uma coisa escura.
Por isso que a região é rica em flora melífera, o que contribui para uma enorme diversidade de mel.
Cada região acaba por ter um mel com características que são o reflexo da flora que têm.
Logo, havendo uma flora diferente, o mel vai ter características diferentes.
Não é melhor nem pior. É diferente.
Como transmontano que sou defendo sempre a minha dama, e sou um grande apreciador do mel transmontano, para além de ser um estudioso e produtor do produto.”
Declarações à margem do I workshop de identificação de flora melífera que se registou este sábado, em Macedo de Cavaleiros.
Informação ONDA LIVRE