Os alunos dos cursos de engenharia do Instituto Politécnico de Bragança já não precisam de fazer um exame para serem admitidos na Ordem dos Engenheiros.
Ontem foi assinado um protocolo entre as duas instituições que permite aos finalistas inscreverem-se directamente na Ordem.
Além de permitir aos engenheiros iniciarem a vida profissional mais cedo, o protocolo pretende aproximar a ordem dos alunos, promovendo um conjunto de iniciativas e formação complementar na área das engenharias.
O Presidente do Conselho Directivo da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, Fernando de Almeida Santos, acredita que esta aproximação irá servir para perceber melhor os problemas dos engenheiros do distrito de Bragança.
“Os problemas específicos da engenharia em Bragança não são idênticos aos problemas dos engenheiros específicos no Porto ou em outro local do país, e nós também temos que aprender com isso para termos o nosso papel de melhoria naquilo que são depois as espetativas dos engenheiros desta nossa região.
Por exemplo, aqui há uma espécie de engenheiro faz tudo, ou seja, há um projeto de uma vivenda pequena, o engenheiro faz ainda hoje o projeto de arquitetura de pequena escala mas fá-lo e é autorizado a fazer isso.
Portanto, nós temos que perceber se mexermos nisso pela negativa estamos a prejudicar muito a engenharia boa que se faz de forma global, não só no interior do país mas em várias zonas e nesse aspeto isto ajuda-nos muito.”
Este protocolo surge numa altura em que os cursos de engenharia tem cada vez menos alunos. A engenharia civil é o que tem menos alunos em todo o país. Algo que preocupa Fernando de Almeida Santos.
“Existiam 31 licenciaturas da engenharia civil em 2007 antes do processo de Bolonha e atualmente existem por primeira opção em Portugal inteiro 65 apenas que procurarão a engenharia civil se fizessemos esse paralelo dava 2 alunos por instituição, o que é assustador.
Assustador pelo excesso de cursos que existia, e agora assustador pela pouca procura que existe. Obviamente que foram ocupados mais lugares porque depois há as segundas opções que não foram ocupadas em outros cursos. Eu diria que na primeira fornada temos cerca de 150 alunos mas é muito pouco para aquilo que vão ser as necessidades a curto prazo de Portugal.”
No IPB este foi um dos cursos que não teve alunos interessados nos concursos de acesso ao ensino superior, juntando-se a mais três engenharias.
No entanto, o presidente do Instituto Politécnico acredita que os alunos estrangeiros, de cursos de especialização tecnológica e dos concursos especiais podem preencher estas vagas.
“Ainda se continua a olhar muito para as formas ortodoxas e conservadoras de recrutamento de alunos não é assim no resto da Europa, não é assim no resto do mundo e eu estou convencido que daqui a 3anos ou 4anos em Portugal já ninguém vai equacionar as coisas desse modo.
Nesse aspeto Bragança tem ido sempre à frente da maioria das instituições em Portugal e neste caso também vai à frente nessa capacidade de fato e na perspetiva que tem do que é hoje o recrutamento de alunos para o ensino superior.
Portanto, temos um número de alunos nos cursos de engenharia, que é um número de alunos que está adequado às capacidades aqui existentes, naturalmente poderá sempre haver vantagem em comportar mais estudantes mas digamos que neste momento nós estamos a passar uma situação em que se possa pensar que há uma redução como se verifica em outras instituições, uma redução acentuada do número de engenheiros em Portugal.”
Declarações à margem da comemoração do Dia da Ordem dos Engenheiros que decorreu ontem no Instituto Politécnico de Bragança.
Informação CIR (Rádio Brigantia)