“Filigrana e os descobrimentos da saudade” é o segundo livro infantojuvenil do jornalista Miguel Midões, bem conhecido no panorama da informação regional, que foi apresentado em Macedo de Cavaleiros este sábado.
Depois de “Filigrana e o Concílio dos Gatos”, escrito para o filho mais velho, segue a aventura da gata de rua com um ar aristocrata. A editora desta segunda obra é outra, e passa a ser a macedense Poética Edições.
Nesta segunda história, o tema é a saudade. Um assunto mais complexo, mas não impossível de explicar às crianças, explica Miguel Midões.
“Em termos de assunto se calhar é um bocadinho mais complexo, primeiro já de si era interessante porque tentava-lhes explicar o valor da amizade mas isso também está um pouco intrínseco. As crianças todos os dias tem amigos na escola e facilmente conseguem saber o que é amizade. A saudade é um bocado mais estranho porque eles sentem saudade, ou já sentiram saudade não sabem que estão a sentir saudade e também muitas vezes não têm quem lhes explique o que é que realmente é isso de sentir saudade. Se pensarmos que é algo que nós já adultos aprendemos isso se escolhermos filosofia no 12º ano temos a problemática da saudade de Joaquim de Carvalho, sim é mais complexo explicar a saudade ás crianças mas é possível e está aqui a prova disso.”
O lado educativo não fica descurado.
O livro, que desde as personagens, ao título e ao conteúdo faz alusão à história e à cultura portuguesa.
“Sim, tem um lado educativo, sem dúvida alguma.
Este mais até do que o outro (primeiro livro). Se calhar também é mais complexo por aí, apesar de abordar toda a parte da história de Portugal com uma linguagem acessível às crianças e sem grandes pormenores históricos para que não se torne muito massudo.
Mas há uma alusão clara aos descobrimentos portugueses, até pelo título diz “Filigrana e os descobrimentos da saudade”. Depois, há a passagem por alguns sítios portugueses. Há a alusão ao desembarque do Mindelo, da batalha entre as tropas liberais e as tropas absolutistas, a monumentos nacionais importantes, como o Mosteiro da Batalha ou o Mosteiro dos Jerónimos. E ao Fado, numa das ilustrações em que elas estão a olhar para uma vitrina, com um placard que diz “Fado”.
Portanto, há muito da história e da cultura portuguesa no livro sem dúvida alguma.”
O autor deixa a garantia que as façanhas de Filigrana não se ficam por este segundo volume, e abre portas a mais publicações. Na gaveta, há mais contos para a infância, mas há mais coisas.
“Há pelo meio um romance, que está inacabado, e que estou já há muito tempo para acabar. E também um livro com uma temática um pouco mais séria que envolve, à partida, uma história verídica.
Debruça-se sobre um ano e meio de doença da minha esposa. Durante uma situação de cancro ,normalmente, toda a gente olha para o doente e muita gente se esquece de quem está ao lado e que vive diariamente com a situação e que tenta dar o seu melhor e que nem sempre consegue, porque a pessoa está doente, obviamente, e não vamos tirar o valor disso. A pessoa está doente, não pode dar valor naquele momento, ou se dá não o transmite da mesma maneira, e acho que é preciso mostrar o cancro, a doença vista por quem está ao lado, a tratar.
Eu, felizmente, não consigo contá-la do ponto de vista do doente, mas consigo contá-la do ponto de vista de quem esteve ao lado durante um ano a viver e a ajudar e acho que é preciso e ainda não o temos. Por isso, quero fazê-lo.”
O jornalista Miguel Midões, que durante sete anos integrou a equipa a Rádio Onda Livre, apresentou em Macedo de Cavaleiros o segundo livro infantojuvenil, “Filigrana e os descobrimentos da saudade”.
Escrito por ONDA LIVRE