A Assembleia da República debateu ontem à tarde a suspensão das obras da barragem do Tua, que foi reclamada através de três iniciativas apresentadas pela Plataforma Salvar o Tua, Partido Ecologista “Os Verdes” e Bloco de Esquerda. A votação só vai ocorrer ao final da manhã de hoje.
A petição “Manifesto pelo Vale do Tua” da Plataforma, o projeto de Lei do Bloco e o projeto de resolução d’ “Os Verdes”, tinham o mesmo objetivo de parar imediatamente os trabalhos.
Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, apresentou as razões do partido para não ser construída a barragem:
“Do ponto de vista energético, o seu impacto é residual, já que apenas contribui com 0,1% para a energia do país. Mas os custos são monstruosos. O plano Nacional de Barragens foi já ultrapassadas pelas barragens existentes, a somar a tudo isto há a destruição da linha do Tua, importante para a mobilidade das populações, e a única oportunidade para ligar a rede nacional ferroviária à rede de alta velocidade da Galiza.”
Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes” adicionou outras razões para a barragem do Tua não ser construída.
“Está-se a definhar um património riquíssimo, como o Vale do Tua, a linha ferroviária do Tua e o Alto Douro Vinhateiro.
Está-se a matar um património imenso que posso defenir o desenvolvimento da região. Para quê? Para construir uma barragem para beneficiar a EDP. Barragem esta que sai cara aos portugueses, como já referimos, e que vai ter impactos também sobre erosão do litoral.
Andaram todo o verão tão preocupados com o litoral, pois aqui esta mais uma asneira a centrar-se sobre a erosão do litoral, fragilizando-o ainda mais. com uma obra que não serve para rigorosamente nada.”
Ora, Mota Andrade, do PS, disse que este último argumento de Heloísa Apolónia não colhe e defende a conclusão da barragem do Tua.
“Estando a Foz do Tua a montante de barragens, o impacto na erosão do litoral é praticamente nulo ou é despiciente.
A importância do Foz Tua reside no potencial de armazenamento de energia na sua albufeira, e a sua avaliação deve ser feita pela sua valia económica e não simplesmente pela percentagem de energia produzida.
Este aproveitamento utilizará recursos endógenos quer na sua construção, quer na sua exploração em direta competição com alternativas baseadas em energias de origem fóssil, reduzindo assim as necessidades de importação de energia e reduzindo o défice externo com claros benefícios a nível económico, social e ambiental.”
Outra das vozes a favor da continuação da construção da barragem do Tua, com salvaguarda dos valores patrimoniais, é Luís Ramos, do PSD.
O deputado Hélder Amaral, do CDS, juntou argumentos ambientais em favor da conclusão do aproveitamento hidroelétrico que está a ser construído entre Carrazeda de Ansiães e Alijó.
O último a falar do assunto no debate de ontem no Parlamento foi Jorge Machado, do PCP, que entende que a barragem deve ser suspensa.
Os deputados votam ao final desta manhã se a construção da barragem do Tua deve ou não ser suspensa.
Informação CIR (Rádio Ansiães)