50 anos depois da inauguração da barragem de Bemposta, em Mogadouro, o impacto económico deste empreendimento hidroeléctrico no concelho tem vindo a perder-se ao longo dos anos.
Na memória permanecem os tempos em que a construção desta barragem trouxe um movimento fora do normal para esta zona.
António Monteiro, que chefiou as três centrais do Douro Internacional no seu início, recorda que a vinda de muitos trabalhadores teve efeitos positivos naquela pequena zona rural.
“Na fase de construção foi um impacto tremendo na zona. Depois da construção, o impacto foi muito menor, mas ,de qualquer maneira, tinha naquela altura entre 120 a 130 postos de trabalho aqui, o que era muito significativo.
Desde a altura da construção, que começou em 1959, tiveram aqui cerca de 1000 pessoas. Eram aldeias muito pequenas, por isso naquela altura foi um impacto muito grande mesmo.”
Apesar dos benefícios para o concelho trazidos inicialmente com a barragem se terem perdido no tempo, a construção do Bairro Habitacional para os trabalhadores permanece ainda hoje na paisagem das escarpas do Douro.
António Monteiro, que foi também director do centro de produção do Douro até 2012, viveu tal como os restantes trabalhadores no Cardal do Douro, uma aldeia construída de raiz:
“Era bom porque havia as condições todas.
Isto era uma aldeia modelar. Tinha esgotos, capelas, postos médicos, serviços médicos e dentista, que não havia em sítio nenhum.
Tinha as infraestruturas todas. Era mais desenvolvida que a própria vila de Mogadouro. Nós tínhamos coisas que não havia lá. Havia uma escola específica só para os funcionários, posto medico e muito mais.”
Mas também a nível nacional a Barragem de Bemposta desempenhou um importante papel na época, tendo sido uma das primeiras centrais que alavancou a fase de industrialização a partir da década 60, como explica o director de Produção da EDP, Pita de Abreu.
“O governo decidiu industrializar Portugal. Para isso era preciso energia. O único recurso que Portugal tinha naquela altura era a água. Então vamos fazer produção de eletricidade com base em água.
Bemposta foi uma das centrais que serviu de alavanca a isso.”