O lugar de Paradinha de Besteiros, na freguesia de Morais (Macedo de Cavaleiros) está há 10 dias sem iluminação pública.
A situação é denunciada pela própria população, que garante que não é a primeira vez que fica sem luz na rua. A última vez foi há cerca de dois meses. Agora, desde dia 20 de março que os habitantes de Paradinha de Besteiros têm dificuldades em sair de casa depois do anoitecer.
“Já não é a primeira vez que ficamos sem luz, mas agora foi mais tempo do que das outras vezes. Queremos sair, ir aos cães, ou buscar lenha, mas como não há luz e o sol vai embora, não se vê nada.” – Começa por dizer Maria Pontes, uma das habitantes.
“Por vezes queremos ir dar uma volta, e não temos luz . E com a minha idade, já não tenho quase visão, se há luz ainda posso sair. Como não há luz não posso sair praticamente de casa.” -declarações de Manuel Martins, que espera que a situação se resolva rapidamente.
“Eu como vivo sozinha, até me custa ir mesmo as escadas.” – Lucinda Pereira conta que, sem iluminação na rua, todas as pequenas tarefas se tornam complicadas depois de escurecer.
Maria Lázaro, habitante de Paradinha, já está habituada a reportar as avarias na iluminação pública. Desta vez, conta, já lá vão três chamadas para a EDP.
“Já liguei 3 vezes. Desde o dia 20 que já não temos luz.
Isto foi numa sexta feira a noite. Liguei no sábado, depois na segunda. Como ainda não havia luz liguei de novo. Não veio ninguém, nem segunda, nem terça, e quarta feira voltei a ligar. A senhora que atendeu disse que já tinha comunicado às avarias, mas os senhores das reparações não aparecem. Isto já aconteceu mais vezes e sou sempre eu que ligo.”
Maria Lázaro afirma que não foi a única a contactar a EDP, e mostra-se indignada com a demora na reparação.
“Já faz 15 dias na quinta, que foi o último dia que tivemos luz.
O meu sobrinho também ligou para a EDP no sábado à noite, e ainda ninguém veio reparar.
A gente sem luz não está bem. Antigamente não havia luz mas já estávamos mentalizados assim. Mas agora acostuma-mo-nos a ter luz, e o direito que têm as outras aldeias temos nós.
Acho que não devem fazer assim pouco de nós, caçoada, como se diz aqui na aldeia, por sermos poucos. Uma aldeia pequena mas temos os mesmos direitos que tem as aldeias grandes.”
O sobrinho de Maria Lázaro, Nuno Rodrigues, não reside todo o ano em Paradinha de Besteiros, mas é lá que vai algumas vezes por ano encontrar os familiares. Diz-se, pois, preocupado com esta situação.
“Há pouca segurança, visto que os moradores têm uma faixa etária bastante elevada. E com poucos moradores, creio que a localidade devia estar dotada com melhores condições, principalmente a nível de luminosidade. Como pode ver, as infraestruturas de rede são bastante antigas, não há uma iluminação eficaz, temos muitas zonas digamos de sombra e isso de fato preocupa-nos que os nossos entes queridos, os nossos familiares estejam aqui nestas condições. Isto não é digno de um país de século XXI.
As pessoas sentem-se indignadas, porque quando olham a seu redor vêem as localidades com iluminação, e aqui não têm. Já chega não ter saneamento básico, e não têm também iluminação.”
Temem ainda assaltos, ao encoberto da escuridão que enche a aldeia à noite.
A população garante que a EDP sempre se demonstrou prestável em questões idênticas no passado, e não compreende a demora.
Contactada, a EDP confirma que foi informada da avaria. No entanto, ainda não há data prevista para a resolver. Até lá, em Paradinha de Besteiros, depois do pôr-do-sol, não vai haver luz artificial a alumiar as ruas, aldeia no sopé da Serra da Sobreda, onde residem cerca de 30 pessoas, na sua maioria idosos.
Escrito por ONDA LIVRE