A Plataforma Salvar o Tua contesta o início do desmantelamento da linha ferroviária, considerando que não existe legitimidade por parte da EDP para avançar com a retirada dos carris em 18 km da via, que se prevê que fiquem submersos aquando o primeiro enchimento da albufeira.
João Joanaz de Melo, coordenador técnico da associação, justifica esta posição ao acusar a EDP de não estar a cumprir com uma das principais imposições da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).
A Plataforma escreveu ontem, em comunicado, que o concurso público internacional, terminado em 28 de agosto deste ano, não teve qualquer candidato, para a implementação do Projeto de Mobilidade, uma das contrapartidas impostas pela DIA. João Joanaz de Melo afirma mesmo que acreditar no Plano de Mobilidade proposto pela EDP é “uma miragem”.
O coordenador assume que já há três processos a correr em tribunal, relativos à não-utilidade pública da barragem, ilegalidades na linha de alta-tensão e expropriação por utilidade pública. João Joanaz de Melo garante que, apesar das tentativas de chegar à fala, nunca tiveram resposta por parte das entidades competentes, e não coloca de parte a possibilidade de nova ação judicial.
Confrontada com estas declarações, a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, que está a coordenar este processo, refuta as afirmações da Plataforma, e afiança que há uma empresa interessada em levar avante o Projeto de Mobilidade na região. O mesmo confirma a EDP que, contactada pela Onda Livre, responde em comunicado que “A EDP e a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua e o futuro operador privado assinaram já um Protocolo para a implementação do Projeto de Mobilidade”. A elétrica acrescenta ainda que “o respetivo contrato deverá ser assinado nas próximas semanas, independentemente do desenvolvimento do Projeto já em curso”. O futuro investidor terá 10 milhões de euros disponíveis para a execução do Plano de Mobilidade, orçado, no total, em 30 milhões.
Sobre a retira dos carris, diz a EDP que “os trabalhos de remoção dos carris estão previstos no plano de trabalhos, visam cumprir normas de redução de impactes ambientais e parte significativa dos carris removidos serão utilizados na recuperação da linha não submersa na qual circulará o novo comboio”.
Foto gentilmente cedida por: Nuno Faria
Escrito por ONDA LIVRE