Aluna assistida nas urgências após participação em praxe

Uma aluna do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) foi assistida no serviço de urgências depois de ter participado na praxe na noite de quinta para sexta-feira da passada semana.

De acordo com uma denúncia por escrito dirigida ao IPB, a que a Rádio Brigantia/CIR teve acesso, a caloira na instituição foi assistida, cerca das duas da manhã de sexta-feira devido a uma situação de stress que lhe provocou um ataque de pânico.

Nessa noite, realizou-se a designada praxe suja, que encerra o período de praxe, em que é habitual que os alunos sejam sujos com ovos, farinha ou farelos. Há também relatos de actividades como flexões e abdominais, idas a discotecas até horas tardias e o incentivo ao consumo de álcool em excesso.

O presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, garante que já ouviu os alunos acerca deste caso e que a estudante visada lhe confirmou que se sentiu mal depois de uma situação de praxe na qual participou voluntariamente.

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“O que a aluna me relatou foi que, numa praxe, em que ela foi voluntária, se sentiu indisposta. Os alunos são sempre avisados para partilharem se sofrerem de algum problema, como, por exemplo, asma.

Os próprios alunos resolveram que seria melhor irem ao hospital, devido ao estado de ansiedade, algo que seria recorrente. Por isso, a aluna nem deveria ter aderido à praxe. “

Ainda de acordo com o responsável da instituição de ensino, a jovem afirmou que os sintomas que sentiu no último dia de praxe já aconteceram noutra altura e que não pretendia apresentar queixa dos colegas.

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“À aluna pedi que me contasse a verdade. Disse-lhe que a protegeria em qualquer situação.

Relatou-me que não achava justo apresentar queixa, uma vez que ela foi voluntária no processo, acedeu à situação e se sentia confortável com ela. Apesar de esta situação, em si, ser desconfortável.”

O docente frisa que tem havido uma evolução positiva na questão da praxe, que foi “diminuída em quase 50 por cento do tempo” e entende que seria contraproducente a simples proibição desta prática.

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“Acho que temos feito um caminho positivo nesta questão da praxe.

A praxe foi diminuída em quase 50% do tempo. Foi negociado com os alunos. Uma coisa muito simples que um reitor ou presidente pode fazer, é decretar que dentro da sua instituição não há praxe. É a forma mais cínica de encarar este processo.  Depois, perde o controlo sobre os alunos, o respeito e a sua implicação.

Essas práticas iam continuar a decorrer fora da instituição, e depois passam a fazer casos de polícia daquilo que for relatado.

É fenómeno com alguma complexidade, que tem que ser levado com bom-senso, para que se levem os alunos a fazerem coisas positivas.”

O presidente da associação académica do IPB, Ricardo Pinto, refere que foi alertado para a situação de imediato e que acompanhou a jovem às urgências, garantindo também que ela participou voluntariamente na actividade daquela noite, frisando que a associação académica “sabe que as praxes são seguras”.

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“Neste caso, foi a última praxe. Julgo que estariam a brincar com farinha, ou algo do género, a chamada praxe suja, que acontece no final.

Obviamente, a caloira estava suja de farinha, besuntada, com alguns salpicos de água e ovo. Mas nada de mais. Gostava de realçar que qualquer aluno que está e participa na praxe no IPB, é de livre vontade, porque tem conhecimento que esta praxe é integradora. E daí nunca termos tido conhecimento de nenhuma ocorrência grave.”

Uma caloira teve um ataque de pânico depois de tribunal de praxe. Os colegas garantem que situação era recorrente e que rapariga aderiu a praxe voluntariamente.

O presidente do instituto vai ainda ouvir outros estudantes e averiguar o que se passou para avaliar a necessidade de tomar outras medidas.

Informação CIR (Rádio Brigantia)