Saber e registar como é que se vivia no início do século XX em Trás-os-Montes, mais precisamente, no Sul do distrito de Bragança, foi o propósito que levou Carla Guerreiro a convidar Lídia Machado dos Santos para juntas escreverem um livro.
As duas professoras no Instituto Politécnico de Bragança, e escritoras. A quatro mãos fizeram nascer “Terras d’Encontros”, que se passa em Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta.
Carla Guerreiro é natural daquela aldeia do Planalto Mirandês. Convidou Lídia Machado dos Santos porque queria ver em livro temas que nunca tinha visto abordados.
“Como é que os judeus ainda cultivavam a sua religião e os seus princípios culturais, ou se ainda o faziam. Até que ponto isso era verdade ou mito, porque eles estavam já perfeitamente diluídos na cultura cristã. E como é que se vivia efetivamente em inícios do século XX.
As novas gerações menos noção têm, e é importante registar.”
Um romance histórico, com personagens ficcionadas, inspiradas em pesquisas e conversas feitas ao longo de dois anos.
Carla Guerreiro – A cultura judaica e maneira como ela foi sendo preservada ao longo dos tempos, apesar de todos os pesares. De todas as perseguições, todas as condenações, discriminações e ostracizações de que todos os portugueses que partilhavam o judaísmo foram vítimas.
Lídia Machado dos Santos – E à forma como cristãos e judeus se cruzaram e harmonizaram.
Carla Guerreiro – É uma homenagem aos dois povos. E mostrar como existia um Homem privado e público em termos de comunidade judaica. Publicamente, era de uma certa maneira, não estando de maneira nenhuma a falar de hipocrisia, mas da ‘preservação de’.
Esta obra é também uma homenagem ao judeus e aos cristãos que ficaram, resilientes, na terra.
As autoras têm estado a apresentar este romance histórico. Outros registos foram chegando, e o interesse deixa antever novos planos para as autoras.
Carla Guerreiro- É uma analepse, e são históricas completamente diferentes. Esta questão judaica despertou em nós um interesse muito grande, também por saber o que aconteceu aos que não ficaram na terra, que no séculos XVII e XVIII emigraram para o estrangeiro. O que fizeram e de que formas reorganizaram as suas vidas, e de que forma permaneceram unidos às origens, a Trás-os-Montes.
Lídia Machado dos Santos – A ideia agora é viajarmos, não só no tempo mas no espaço, e irmos ao encontro dessas comunidades.
“Terras d’Encontros” foi este sábado apresentado no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros.
Escrito por ONDA LIVRE
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Tenho interesse pelo tema. Se os autores/editores quiserem podemos permutar com um romance sobre os judeus de Belmonte.