“Cá se fazem cuscos!” é inaugurada hoje

“Cá se fazem cuscus!” é o nome da exposição que hoje é inaugurada em Bragança, no Centro Cultural Adriano Moreira.

Por detrás desta exposição está um trabalho de pesquisa, elaborado pela macedense Patrícia Cordeiro, responsável técnica pela candidatura dos Caretos de Podence a Património Imaterial de Portugal. Agora, apresenta, no papel de comissária, esta exposição, numa forma de divulgar a “saber fazer” gastronómico destes cuscos transmontanos, que deverão ser também inscritos no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial (sendo o proponente a Câmara Municipal de Bragança).

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“Este trabalho é resultado de um trabalho de inventariação. Ou seja, o objetivo da pesquisa que fiz é, além de divulgar esta tradição, é também inscrevê-la no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Ou seja, esperemos que seja recolhida como património cultural português.

As pessoas vão poder ver um filme, com todos os passos de como fazer este alimento. E fotografias, e alguns exemplares de cuscuzeiras, que eram as panelas de barro ou de alumínio, mais modernas, usadas para cozer o cusco, tal e qual como se faz na região do Magrebe, por exemplo, em Marrocos, de onde é originária esta prática alimentar.”

Uma recolha levada a cabo no concelho de Bragança. Hoje em dia é mais difícil encontrar quem faça o cusco.

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“Na maior parte destas aldeias existe memória desta prática alimentar, mas está desaparecida. Ou seja, as pessoas já não fazem. Dá muito trabalho, e é bastante exigente a nível físico. Agora há muitas alternativas, o arroz e a batata. E é mais difícil encontrar quem faça.

As aldeias onde eu ainda pude assistir ao fazer do cuscu foi em Parâmio, São Pedro de Sarracenos, e em Samil, onde foi feito o filme, em casa da dona Guilhermina, acompanhada pela mãe e pela tia.”

Patrícia Cordeiro conta-nos ainda sobre a origem deste prato.reduzido 3

“O termos ‘cuscus’, que é uma adaptação ao modo de falar transmontano, significa ‘bolinhas de farinha’, que as senhoras faziam muito, no tempo das ceifas e das malhas, com a sêmea do trigo, ou seja a sobra a moagem da farinha. Utilizava-se o ‘beijo’, a melhor farinha para para o pão, e o resto para fazer o cuscuz, ou o cuscu.”

A exposição “Cá se fazem cuscus!” é inaugurada hoje, em Bragança, às 18h, no Centro Cultural Adriano Moreira. Ao mesmo tempo abre no mesmo espaço a exposição “Galandum Galundaina 20 anos”.

Escrito por ONDA LIVRE