A idade dos educadores de infância está a avançar, o que está a afetar o setor.
Considerações, em Macedo de Cavaleiros, de Júlia Vale, coordenadora do pré-escolar no Sindicato dos Professores do Norte.
“As questões a nível de carreira e que têm implicações a nível salarial são extremamente importantes. E não só. Também as questões relativas à aposentação, porque estamos a falar de um setor de educação que tinha uma classe profissional que era reconhecida pela sua jovialidade, e, neste momento, porque foram alteradas as normas relativas à aposentação, está a transformar-se numa classe mais envelhecida. E tendo presente que estamos a falar num setor de educação para crianças dos 3 aos 6 anos, que exige disponibilidade física por causa dos educadores de infância.”
Júlia Vale falava à margem de um Encontro de Educadores de Infância, que aconteceu este sábado. A dirigente sindical afirma ainda que, além da questão das aposentações, também o número de alunos por sala há que ser revisto.
“Esta questão das aposentações tem que ser alterada, porque se os mais velhos não saíram, não podem entrar os mais novos. E não se consegue transmitir aquilo que é a memória da escola aos mais novos.
Em relação ao número de alunos por sala, sempre contestamos que o limite mínimo fosse 20 e o máximo 25. Sempre defendemos que a relação adulto-criança, em relação ao educador de infância, fosse de 1 para 19. E que em grupos homogéneos, nomeadamente de 3 anos, não ultrapasse o limite de 15 crianças.”
E se a turma tiver duas crianças com necessidades educativas especiais, não devem ser, na opinião do Sindicato, mais de 10 por sala. Júlia Vale afirma que facilmente há grupos que ultrapassam as 25 crianças. E, frisa, fala-se aqui de crianças.
“Não estamos a falar de coelhos. Se estivéssemos, mais um menos um, se calhar seria igual. Estamos a falar de crianças, e têm que ser acauteladas as condições para uma boa aprendizagem, em termos de espaços e de profissionais.”
Nos distritos de Bragança e Vila Real, diz Ana Paula Tomé, coordenadora de Mirandela do Sindicato dos Professores do Norte, há oferta no pré-escolar essencialmente nas IPSS. É, contudo, pouco, e o Estado tem que investir.
“Existe, oficialmente, no âmbito das IPSS. Nesta área da educação pré-escolar, o Estado precisava de investir muito mais, essencialmente nos centros urbanos de Mirandela, Bragança e Vila Real. Em relação às creches, faltam na rede pública. Como têm vindo nas notícias, faltam creches públicas, como em Vimioso. Há na rede das IPSS, mas mesmo assim não é suficiente.
Este Encontro vem nesse sentido, para os próprios educadores investirem nessa discussão com os presidentes de câmara e o Ministério da Educação.”
Declarações este sábado, em Macedo de Cavaleiros, à margem do Encontro Regional de Educadores de Infância subordinado ao tema Reflexão sobre as Orientações Curricular da Educação Pré-Escolar e Políticas Educativas para a Infância, e que contou com a participação de mais de 90 docentes dos distritos de Bragança e Vila Real.
Escrito por ONDA LIVRE