“A maior ameaça à conservação da natureza, em Portugal” este ano: é assim que a associação ambientalista Quercus descreve a construção das três barragens do Alto Tâmega.
Declarações que surgem num comunicado por ocasião do Dia Mundial da Conservação da Natureza, que se assinala esta sexta-feira, a associação fez referência direta ao Sistema Electroprodutor do Tâmega, concessionado à Iberdrola, onde estão no lote as barragens de Gouvães, Daivões e Alto Tâmega, com trabalhos já a decorrer.
No caso do Tâmega, e segundo a associação, “as ameaças abrangem a agricultura, em particular a viticultura, com perdas de terreno e eventuais alterações ao clima com aumento de frequência de nevoeiros, e colocam, também, em perigo o Lobo Ibérico, nas Serras do Marão e Alvão, em Trás-os-Montes”. Além disso, consideram os ambientalistas, “as barragens colocam em risco os habitats naturais das regiões envolventes, uma vez que transformam, fragmentam e degradam os ecossistemas, e criam, inclusivamente, barreiras incontornáveis para espécies migradoras”.
Não obstante, a Quercus diz considerar “relevante” este tipo de exploração, para, por exemplo, produção de energia. Porém “tem que ser devidamente equacionado com os impactes associados e com os objetivos de sustentabilidade e conservação da biodiversidade”.
A Comissão Europeia revelou que quer arquivar a queixa efetuada pela Quercus contra a construção das barragens do Tâmega. A associação já fez saber que vai recorrer.
Sobre o recente caso de mortandade de peixes no Tua, junto a aldeia de Frechas, no concelho de Mirandela, escreve a Quercus que a causa pode ser uma consequência do impacte das barragens nos ecossistemas. “Provavelmente” está ligada com o “baixo caudal do rio, o que revela a perda de qualidade da água, considera a associação. Neste momento, contudo, as suspeitam recaem numa empresa de refinação de óleos, que terá efectuado descargas poluentes nas águas do rio.
Escrito por ONDA LIVRE