Estima-se que a partir dos 65 anos, uma em cada quatro pessoas tem diabetes e a doença tem aparecido cada vez mais cedo.
Os motivos estão diretamente ligados estilo de vida da população, como refere Conceição Bacelar, endocrinologista no Hospital Santo António no Porto, que defende uma maior aposta na prevenção.
“É um problema que está a crescer a aumentar muito, também aparece mais cedo porque a manifestação da diabetes ocorre muito em paralelo com fatores como obesidade, que depende um pouco daquilo que comemos, e o sedentarismo. O observatório da diabetes diz-nos que a partir dos 65 anos, em principio, 25 % das pessoas, 1 em cada 4, tem diabetes. Imagine o que é implementar o exercício fisico, alguma atividade e uma boa alimentação em populações com algumas limitações fortes a esse nível, é um desafio muito grande. O importante é saber tratar bem quem já tem diabetes e prevenir a que vem aí, está a aumentar tanto. Portanto, começando pelos mais novos, habituá-los a hábitos de vida promotores da saúde”
Rosária Rodrigues, diretora do Serviço de Nutrição e Alimentação da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSN), diz que em Trás-os-Montes existem todos os ingredientes necessários para fazer uma dieta saudável benéfica para evitar o problema, e essa vantagem tem sido pouco aproveitada pela população.
“A nossa população, se calhar, esquece-se um bocadinho da diabetes. Nós devemos ter uma incidência da doença superior aos números que conhecemos. Já há muita gente com diabetes principalmente tipo 2, obesos, com síndrome metabólico e que terão uma diabetes não diagnosticada e, por isso, não tratada. Temos os últimos números a nível nacional em que o estilo de dieta mediterrânica é praticado apenas por pouco mais de 20% da população, ou seja, muito abaixo do que o que seria de esperar. Em Trás-os-Montes temos todos os ingredientes para ter um estilo de vida saudável, uma alimentação mediterrânica, e devíamos aproveitar isso.”
E ainda há mitos em relação à alimentação que deve ser praticada por um diabético, o que, por vezes, leva a que surjam outras carências no organismo, como refere Flora Correia, Nutricionista no Hospital São João.
“O mito mais perigoso é dizer que o diabético não pode comer arroz, batatas, massa, pão, porque é falsa verdade que leva a que o diabético evite alimentos que são importantes para o nosso metabolismo, para funcionarmos bem. Não é preciso comer 1 kg, é preciso comer a quantidade de acordo com as necessidades do diabético. Há diabéticos preocupados a alimentação e há aqueles que consideram que se fizerem a medicação já não precisam de controlar a alimentação, esses são aqueles que acabam por ter mais problemas em termos de controlo da sua própria diabetes. A medicação não chega, é importante perceber que a diabetes é tratada de 3 maneiras: com a alimentação, medicação e atividade física.”
Conclusões das II Jornadas da Diabetes do Nordeste Transmontano que aconteceram ontem em Macedo de Cavaleiros.
Margarida Pires, presidente da Associação de Diabéticas do Distrito de Bragança considera que ao levar formação aos profissionais de saúde, é estar a contribuir para o bem-estar dos doentes com diabetes, num distrito onde o número é elevado.
“Estas jornadas são sempre muito importantes, tudo que tenha a haver com a formação é bom e estas estão direcionadas para os profissionais de saúde. Ao contribuir para a formação dos profissionais, contribuímos para a formação das pessoas com diabetes e da população em geral. Nós, neste momento na região, temos cerca de 13 300 pessoas diabéticas identificadas.”
As II Jornadas da Diabetes do Nordeste Transmontano juntaram ontem em Macedo de Cavaleiros vários profissionais de saúde de diferentes instituições para trocar conhecimento sobre a problemática da diabetes.
Escrito por ONDA LIVRE