Relatório do acidente no Túnel do Marão relata um socorro tardio

A incapacidade de agir foi total, foi incrivelmente desastrosa”, as palavras são de Rui Santos, presidente da câmara de Vila Real, que já teve acesso ao relatório relativo aos incidentes que ocorreram no túnel do Marão, no ano passado, quando um autocarro ardeu dentro daquela infraestrutura… No relatório vem imprimida a realidade de um socorro tardio, em que apenas 36 minutos depois da ocorrência se iniciaram os procedimentos de segurança, porque as imagens que estavam a chegar ao centro de controle, localizado em Almada não eram transmitidas em tempo real.

“A incapacidade de agir foi total, foi incrivelmente desastrosa, se tivesse entre esse período e o dia de hoje havido um acidente com maior gravidade, quem é que se co-responsabilizaria pelo facto de o Estado, as Infraestuturas de Portugal em nome do Estado não terem capacidade de socorrer e de agir as pessoas que estivessem dentro do Túnel do Marão. Houve pessoas em perigo, apesar do acidente ter sido de menor, foi um incêndio num autocarro, percebeu-se que ia haver esse incêndio e foi possível evacuar as pessoas do autocarro. Mas quando há uma evacuação num incêndio deve haver alguém que lidere a coluna de evacuação e alguém que encerre. 

O relatório diz que isso não aconteceu, que não foi possível entrarem no posto de controle, que as imagens não correspondiam à realidade, que havia um diferencial de tempo entre as imagens que chegavam a Almada e aquilo que era o teatro de operações no Túnel do Marão.” 

Rui Santos acredita que as conclusões deste relatório têm de ser suficientes para que rapidamente a Infraestruturas de Portugal reveja os planos de segurança e volte a abrir o centro de controlo do túnel.

“Se tudo isto não é suficiente para rapidamente reabrirem o centro de controle de tráfego no túnel, para rapidamente operacionalizarem o posto de comando em caso de acidente no túnel, para implementarem os planos de segurança e reverem aquilo que tem de ser necessário, se tudo isto não é suficiente para que rapidamente haja mais bombeiros formados e mais equipamentos disponíveis e uma efetiva articulação entre as forças de segurança e as forças de socorro então eu não sei em que país é que vivemos.” 

O autarca espera que agora sejam implementadas as recomendações vertidas no relatório, e espera que os responsáveis da Infraestruturas de portugal tenham maior noção da reaLIDADE DOS FACTOS.

“Vale mais tarde do que nunca. Julgo que é imperioso cumprirem aquilo que vem descrito no relatório. É imperioso cumprirem essas recomendações. Só com elas implementadas é que teremos uma maior sensação de segurança mas julgo que os responsáveis das Infraestruturas de Portugal terão hoje consciência do que se passou. Acho que é inacreditável também a contradição entre o discurso que havia por parte dos responsáveis políticos com certeza induzidos pelas Infraestruturas de Portugal e aquilo que é a realidade que o relatório nos transmite.” 

Entretanto, Fonte da IP, responsável pela infraestrutura rodoviária, disse  à agência Lusa que “irá analisar as recomendações inscritas no relatório e trabalhar em conjunto com a diversas entidades, nomeadamente a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), no sentido de implementar as medidas determinadas no despacho conjunto”.

INFORMAÇÃO CIR (Universidade FM)