Bragança vai ter uma marcha LGBT

A Assembleia Municipal de Bragança aprovou sexta-feira um voto de congratulação pela realização da primeira marcha LGBT na cidade.

No entanto, o tema gerou alguma controvérsia. A proposta foi apresentada pela deputada municipal Catarina Assis, que considera que Bragança ainda é muito conservadora. Contudo, a representante do Bloco de Esquerda afirmou que ficou surpreendida com a aprovação do voto de congratulação pela iniciativa:

“De facto, Bragança ainda é uma cidade do interior conservadora e ainda temos muito trabalho pela frente.

Algumas atitudes opostas nesta assembleia não foram de estranhar. No entanto, tivemos também algumas surpresas agradáveis, como o facto de terem havido 18 votos favoráveis, a abstenção também não foi nada de surpreendente até porque já estávamos à espera.”

 

Já Fernando Gonçalves do PSD lamentou que se ponham em evidência estes fenómenos:

“Vir aqui um representante, neste caso do Bloco de Esquerda, a pôr em evidência um fenómeno deste, sendo que existem tantos outros mais importantes que não são lembrados, é, de facto, muito grave, digo mesmo que é destruir a liberdade e os valores.

Por isso, têm o meu voto altamente negativo e espero que não venham a responsabilizar a câmara municipal, que tem feito um trabalho notável sobre o ponto de vista democrático, de liberdade, de respeito e de correção.

Isto é pôr Bragança em evidência no apoio a certos tipos de movimentos que não são formativos e são mesmo destruidores dos valores que levaram ao 25 de Abril.”

Este foi o único voto contra. A proposta foi aprovada com 18 votos a favor, do Bloco de Esquerda, da CDU e do PS e a abstenção de 43 deputados.

Paulo Lopes, do Partido Socialista, defendeu, por seu lado, que considera que é nos locais onde é menos habitual haver este tipo de manifestação que elas se devem realizar:

“Há orgulho em ser gay e lésbica, porque felizmente aqui em Portugal os homosexuais não têm de se esconder nem de ter medo, podem sê-lo livremente e SIM, deve fazer-se uma marcha e SIM que seja aqui em Bragança.

Em Lisboa as pessoas estão habituadas ao diferente, mas aqui não, e é por isso que a marcha deve ser feita em Bragança. Toda a gente deveria lá aparecer, concordem ou não.”

Já o presidente do Município, Hernâni Dias, acha natural que haja posições diferentes nesta matéria, mas acredita que a cidade sabe acolher a diferença:

“Cada um tem a sua orientação. Também aqui foi dito que, neste tipo de questões, cada um defende a sua posição e avalia as circunstâncias em função disso.

No meu caso particular, continuo a dizer que estamos abertos e receptivos a esta iniciativa, e também é por isso que temos a particularidade de ter tantos alunos da comunidade estudantil de várias nacionalidades, e não é por isso que temos problemas na área da segurança.

Isto significa que somos uma comunidade aberta, integradora e que acolheme bem quem nos visita e quem está cá connosco.

Por isso, em relação a qualquer manifestação que surja, desde que respeite as normas de segurança e não ponha em causa o normal funcionamento da cidade, estamos perfeitamente à vontade.”

A primeira marcha do orgulho gay a realizar-se em Bragança está marcada para o próximo dia 19 de Maio e é organizado pelo movimento LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)