A aldeia de Lamas, Macedo de Cavaleiros dedicou os dois dias do fim-de-semana à cereja, com a primeira festa dedicada ao fruto.
E apesar das condições climáticas não terem ajudado à produção este ano, que se estima ter sofrido uma quebra na ordem dos 60 %, as cerejas não faltaram no certame, como refere o presidente da junta, Leonardo Vila-Franca.
“A chuva que veio a semana passada, aliada a este calor que surgiu de repente, fez que que a cereja ganhasse humidade e abrisse toda, ficando ainda um pouco maçada por estar encostada às outras. Tudo isto também afetou a doçura e a qualidade.
Mas aqui na festa não faltou cereja, deu trabalho, mas garantimos a quantidade.”
A cereja de Lamas que aguarda a aprovação da candidatura para ser reconhecida como de Denominação de Origem Protegida (DOP), o que aliado à criação de uma Associação de Produtores, esperam que consiga fazer com que esta deixe de ser comercializada como sendo oriunda de outros pontos do país, avança ainda o presidente.
“Toda a cereja que se produz aqui tem sido vendida mas com outras designações. Algumas cerejas vão para outras zonas do país que já têm fama e nome na comercialização de cereja, vendendo a nossa como sendo deles. Isso para nós não é justo pois somos nós que temos o trabalho e o produto acaba por ser comercializado com outro nome. Esse foi também um dos motivos de criar a Associação de Produtores e seguir com estes processos para a frente porque já chega de não valorizar o nosso produto.”
Carlos Pires é produtor de cereja em Lamas, e anualmente envia as cerca de 10 toneladas que produz para outros mercados do país, sem qualquer identificação. Um cenário que espera ver alterado com a obtenção da denominação de origem protegida.
“O escoamento é o nosso grande problema, e também é para ajudar nisso que este certame está a acontecer.
Neste momento, temos alguém que faz de intermediário entre a nossa produção e a venda, esta que vai maioritariamente para o Porto. A maior parte da cereja que vai daqui para outras regiões não é reconhecida como sendo da zona, ou seja, não tem denominação, vai de forma anónima e ninguém sabe de onde é. Foi também com este intuito que surgiu esta associação e a candidatura a designação DOP, queremos valorizar mais o nosso produto.”
E quanto à festa que aconteceu pela primeira vez, os expositores dizem ser uma mais-valia para valorizar os produtos e a própria freguesia.
“Esta festa é importante para a aldeia porque atrai visitantes e dá a conhecer às pessoas os nossos produtos.
Isto é bom porque traz dinamismo à aldeia e aos produtos confecionados aqui, nesta que é uma aldeia rica em cereja, castanha e azeite.
Esta feira está bem organizada. É uma forma de dar a conhecer a cereja que é o forte da produção desta freguesia. Eu já estive a apreciar e notei que têm bom calibre.”
A freguesia de Lamas a apostar na divulgação da cereja que em breve esperam ver reconhecida como uma referência nacional.
Escrito por ONDA LIVRE