“Mestres do Oculto” levaram curiosos e crentes até Vilar de Perdizes (Montalegre)

Oiça a peça aqui:

Adivinhações, conversas com o oculto e curas milagrosas para os males do corpo, da mente e da alma, de tudo um pouco a que ao mundo esotérico diz respeito, pôde por estes dias ser encontrado em Vilar de Perdizes, no concelho de Montalegre.

Há 32 anos que aquela aldeia transmontana serve de palco ao Congresso de Medicina Popular, um certame que junta vários “especialistas do oculto”, para levar respostas, bem-estar e métodos alternativos a quem por lá passa:

“Estou com um pedra filosofal e é através dela eu descubro quais são os problemas de saúde de cada um, para assim os poder tratar. Eu calculo que 40% das pessoas do mundo estão doentes e não o sabem, e eu descubro a partir desta pedra.” (Professor Zan)

Participamos no Congresso de Medicina Popular já há 12 anos, temos amuletos, o baú do destino em que a pessoa pode fazer uma pergunta concreta e obter uma resposta, e ainda proteções para diferentes fins e males. Também trabalhamos com as plantas medicinais. Passa por aqui muita gente de Vilar de Perdizes e também de fora. Além dos curiosos, há muita gente que vem e volta em anos seguintes.” (Seth)

Mas não só do oculto se trata este Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes.

Daniel Ribeiro, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Vila Real (UTAD), esteve presente para mostrar o benefício de algumas plantas para a saúde, maioritariamente oriundas do norte de Portugal, desmistificando ainda conceitos errados sobre a sua utilização:

“Quando se fala de plantas aromáticas e medicinais, normalmente as pessoas associam a uma infusão, mas essa não é a única forma de utilizar estas plantas. Também podem ser consumidas em saladas, sopas, por inalação do aroma, enfim, podemos ir buscar os componentes de várias formas.

Houve um cruzamento do popular e do científico e então aí percebeu-se que havia alguns pontos que colidiam. Se a industria utiliza estas plantas, quer dizer que nós também as podemos usar com o mesmo benefício. Obviamente que as doses e as concentrações terão de ser diferentes, com alguma prescrição ou algum aconselhamento, médico, farmacêutico ou de alguém que saiba. As plantas são, de facto, muito úteis e muito importantes, e não só na nossa alimentação.”

Foram muitos os que de sexta a domingo visitaram Vilar de Perdizes.

Movidos pela curiosidade ou pela crença no alternativo, o Congresso de Medicina Popular atrai pessoas de vários pontos do país, e até do estrangeiro:

“Já venho há muitos anos. Tenho comprado livros sobre Medicinas Populares e tenho encontrado por cá pessoas portuguesas mas também estrangeiras. Normalmente, tem que levo daqui tem resultado.

Já tenho vindo em outros anos. Gosto de ver este congresso, fico encantada. Já estou habituada a vir e se não vier não fico bem. Além da curiosidade, também acredito em certas coisas que por cá se vêm.

É o primeiro ano que venho aqui. Não conhecia o Padre Fontes e tinha muito interesse em conhece-lo. Por isso, eu e um amigo decidimos vir a Vilar de Perdizes.”

O impulsionador deste evento tem sido o padre António Lourenço Fontes, ele que espera que o congresso consiga despertar o interesse da ciência pela medicina alternativa, e, por isso, lançou um repto à UTAD:

“O objetivo é por a Medicina Popular ao serviço da saúde pública.

A nossa região de trás-os-montes é uma zona onde há muitos cancros, AVCs e outros problemas. Por isso, é importante que hajam estudos e investigações nas universidades. Eu lancei um repto à Universidade de Trás-os-Montes para que aproveite esta realidade do alternativo que já está conquistada e necessita de diálogo e convívio para servir as pessoas na busca e melhoramento da saúde.”

Três dias dedicados à medicina popular, que além das bancas de videntes e especialistas das ciências do oculto, contou com várias palestras e momentos de animação.

 

Foto: Cortesia de Tânia Rei

Escrito por ONDA LIVRE