A região da Terra Fria Transmontana vai enfrentar cada vez mais ondas de calor, períodos de seca e
períodos de chuva intensa.
Estas são as principais conclusões do estudo feito no âmbito do plano Intermunicipal de Adaptação às
alterações climáticas para a Associação de Municípios da Terra Fria Transmontana.
João Medina, da Sociedade Portuguesa de Inovação, responsável por este trabalho, explica que algumas das tendências de mudança do clima são mais críticas no Nordeste Transmontano:
“Portugal é um dos países com maior exposição às alterações climáticas. Para esta situação contribuem vários fatores, alguns mais críticos no Nordeste Transmontano, como as questões relacionadas com a seca, com as ondas de calor, os aumentos de temperatura; conclui-se que, a tendência é que a temperatura continue a aumentar, que os períodos de precipitação estejam mais concentrados, o que quer dizer que, vai haver períodos em que chove mais intensamente, bem como mais períodos de seca.”
O Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Terra Fria do Nordeste Transmontano,
que abrange os concelhos de Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais, propõe 30
medidas, mas que só serão possíveis de executar caso se mantenha população no território:
“Do combate ao despovoamento. Isto parece uma medida um pouco fora do contexto das alterações climáticas, mas o que acontece é que num território com as características de Trás-os-Montes e, neste caso, da Terra Fria, muitas das medidas de novas culturas, de ordenamento florestal, de introdução de sistemas agrossilvipastoris, só conseguem ser feitas se tivermos pessoas no terreno, nomeadamente, no mundo rural. Com a tendência de despovoamento e envelhecimento da população isso não se vai tornar possível. Portanto, é importante fixar as pessoas para nos adaptarmos melhor às alterações climáticas.”
Na agricultura, as evidências das alterações climáticas já são notórias por exemplo na existência de cada
vez mais culturas tradicionais de terra quente na terra fria. Por isso, o plano apresenta medidas destinadas a este sector, bem como outras de impacto nos meios urbanos:
“Medidas de poupança de água, implementação de soluções baseadas na natureza, contra as ondas de calor zonas de sombreamento nos núcleos urbanos; medidas para a economia relacionadas com a agricultura – como introduzir novas culturas. É uma tendência que precisa de ser aprofundada.”
Outras propostas para fazer face às alterações climáticas na Terra Fria passam pela construção de
barragens na bacia do Douro, implementação de medidas verdes nas cidades como canteiros drenantes,
re-naturalização de ribeiras, para evitar cheias, e apoio à população idosa em períodos de calor.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)