Quercus denuncia falta de dotação financeira para investimentos na gestão da floresta

A Quercus denuncia a falta de dotação financeira nos fundos do Programa Desenvolvimento Rural 2020, para investimentos na gestão florestal. Para além disso, os critérios são desajustados impedindo assim o investimento na floresta. João Branco, da Quercus, critica o tempo de espera das candidaturas e a não aprovação de vários projectos para plantação de sobreiros, no distrito de Bragança.

“O que aconteceu em Bragança foi exatamente isso. Abriram avisos para plantações de sobreiros e vários proprietários submeteram candidaturas, muitas vezes através de associações florestais, e após mais de um ano de espera obtiveram respostas sem diferimento por falta de dotação orçamental.

É isso o que se está a passar no distrito de Bragança e no resto do país.”

O presidente da associação de defesa da natureza considera que existe uma contradição na política do governo.

 

“Existe uma retórica que diz que é preciso fomentar o investimento no interior e combater a desertificação humana, assim como apoiar a floresta. O problema é que, na prática, as pessoas candidatam-se às ajudas e não são contempladas, recebendo respostas de recusa por não haver dinheiro. Isto não está certo porque vai contra os objetivos para o desenvolvimento do interior e das zonas despovoadas, vai contra os objetivos de manter um equilíbrio na paisagem do mundo rural e vai conta o que todos os dias é dito na televisão, de que há milhões de euros para o floresta e para o desenvolvimento rural, e depois, na prática, as pessoas não têm acesso a essas verbas, o que está errado.”

João Branco vai mais longe e reprova os critérios de pontuação desajustados à realidade do país. Segundo explica o responsável, só no Alentejo e no Ribatejo, em grandes propriedades é que estes critérios são elegíveis.

“Estão desajustados porque existe uma tabela de pontuação, e conforme as situações, os projetos obtêm pontos.

Neste momento, só estão a ser financiados os projetos que tenham mais de 18 ou 19 de pontuação, e para isso é preciso que, ao mesmo tempo, haja uma série de condições, como por exemplo: ser uma Rede Natura 2000, tem que ser região desertificada, tem que ter certificação florestal e tem que estar dentro de uma ZIF para obter a pontuação máxima. A questão aqui é que em Trás-os-Montes, essas condições não estão reunidas e, portanto, nunca ninguém vai obter pontuação para financiamento.”

A associação de defesa da natureza destaca que a não aprovação destas candidaturas no PDR comprometem a silvicultura preventiva para defesa da floresta contra incêndios.

INFORMAÇÃO CIR( Rádio Brigantia)