ASAE suspende atividade de duas linhas no Matadouro Industrial do Cachão

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) determinou, ontem, a suspensão da atividade das linhas de abate de bovinos e pequenos ruminantes do Matadouro Industrial do Cachão (MIC), na sequência de uma operação de fiscalização, alegando que na base da decisão está a degradação da estrutura como consequência da falta de manutenção.

O relatório da inspeção da ASAE aponta causas estruturais relacionadas com a antiguidade da infra-estrutura, como a pintura, os tetos e o chão das linhas de abate de pequenos ruminantes e bovinos.
Já quanto à rastreabilidade e conformidade documental, está tudo correto. Esta suspensão é válida até que sejam efetuadas as medidas corretivas exigidas pela ASAE, podendo continuar a funcionar apenas a linha de abate de suínos daquela unidade que pertence à Agro-Industrial do Nordeste (AIN), cujo capital
social é repartido pelas câmaras de Mirandela e Vila Flor.
A presidente do Município de Mirandela não compreende porque razão a ASAE agiu sem nenhum parecer técnico de saúde alimentar ou veterinário, quando as obras neste edifício, que já tem muitos anos, estão agendadas para breve, disse Júlia Rodrigues, esta sexta-feira, durante a reunião da Assembleia Municipal, em que a também presidente da administração do MIC, foi confrontada pelos
deputados municipais sobre esta suspensão.

“Fomos notificados de que iriam suspender a atividade de bovinos e pequenos ruminantes até que as condições previstas no relatório fossem cumpridas.

Não houve nenhum parecer de veterinários nem de técnicos de segurança alimentar, e parece-nos que deveria ter sido acautelada a presença de alguém com formação que esteja habilitado a identificar os riscos que existem para a saúde pública.

A DGAV (Direção-Geral de Alimentação e Veterinária) tem apoiado a nossa pretensão, ou seja, confirmando que não existe risco para a saúde pública, visto que temos o acompanhamento de inspetores sanitários no matadouro, e essa entidade tem estado a fazer as vistorias competentes nesta matéria.”

A autarca lamenta o timing desta decisão, numa altura em que há mais abates.

“É uma situação que nos preocupa porque este período é aquele em que se regista maior abate.

Coincidiu com o Natal e foi uma prenda muito desagradável para todos.”

Júlia Rodrigues não tem dúvidas que se trata de uma situação que vai lesar muito
toda a região.

“O matadouro do Cachão é o único que tem capacidade para abater todos estes animais, os existentes em Miranda do Douro, Bragança e Vinhais não a têm, e os produtores ficam obrigados a levar os animais até Penafiel para serem abatidos.

Isto causa muito transtorno à produção, a nós também enquanto accionistas desta empresa e, é óbvio que, apesar de todas as regras existentes a nível do bem-estar animal no transporte dos mesmos, a qualidade das carnes também é afetada pois a viagem é mais longa do que o desejável.”

Segundo apuramos, só, na última semana, foram abatidos no MIC cerca de 200 bovinos e mais de 700 ovinos e caprinos.
Júlia Rodrigues reitera que a ideia é avançar com as obras e reiniciar a atividade no mais curto prazo de tempo possível.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Terra Quente)