O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial – Zasnet espera candidatar as festas com máscaras a património imaterial da humanidade da UNESCO ainda este ano. A candidatura transfronteiriça, que está ser ultimada, reúne 50 rituais com máscaras de Trás-os-Montes, Salamanca e Zamora.
No decorrer deste mês de Junho, será entregue a primeira versão da proposta à Direcção Geral de Património Cultural portuguesa e à homóloga espanhola, da Junta de Castilla y León, e caso seja aprovada, será enviada à UNESCO até ao próximo mês de Novembro.
Em Alcanices, Espanha, nas jornadas de “Patrimonialização das Máscaras e Valorização como Património Cultural Imaterial”, Maria Diaz, da empresa responsável por realizar a candidatura, afirmou que, neste momento, está a ser elaborado o trabalho de recolha de informação mas também de apoio.
“Até apresentarmos a candidatura à UNESCO leva a uma série de passos que dependem exclusivamente do nosso esforço junto aos peritos para que se formalize um documento oficial, ao qual se deveria juntar a documentação de apoio das diferentes entidades e instituições. A partir dai, é da competência ou do governo português ou do espanhol porque ainda não está decidido se se vai apresentar em Espanha ou em Portugal.
Há muito projetos que a UNESCO tem de resolver e valorizar antes do nosso e, por isso, estamos a fazer os possíveis para poder apresentá-lo neste outono, antes do mês de novembro.”
A candidatura conjunta justifica-se pela raiz comum que muitos dos rituais de inverno têm dos dois lados da fronteira e pela grande concentração neste território, como destaca António Tiza, presidente da Academia Ibérica da Máscara, um dos especialistas que está a trabalhar na pesquisa e levantamento das tradições.
“Muitas delas têm uma raiz comum, principalmente as que se realizam no ciclo dos 12 dias, entre o Natal e os Reis e acontecem em ambos os lados da raia.
As do Carnaval têm uma concentração única, não só pela quantidade mas também pela própria ritualidade que contém, o que me parece ser único e distintivo das máscaras do resto da Europa. Como tal, julgo que é isso que devemos fazer valer quando chegarmos à fase da candidatura à UNESCO.”
O vice-presidente do Zasnet, Hernâni Dias, esclareceu que espera que a candidatura possa reforçar a projecção destes rituais e adiantou que todos os rituais com máscaras do distrito de Bragança com vão ser abrangidos pela candidatura, incluindo Podence, em Macedo de Cavaleiros, que já avançou com uma candidatura autónoma à UNESCO.
“Ultimamente, com tudo o que tem vindo a acontecer e com a dinâmica que estas atividades têm vindo a ganhar, pensou-se, e bem, em formalizar esta candidatura em conjunto, também como uma forma de valorizar tudo o que acontece e, eventualmente, ganhar mais força uma vez que tem uma componente transfronteiriça que a pode valorizar ainda mais.
A candidatura inclui todas as festas e não temos sequer a mínima noção que Podence possa ficar excluída de qualquer candidatura, pesa embora que o Município de Macedo de Cavaleiros esteja a promover uma candidatura autónoma exatamente nesse sentido.”
Do lado português vão ser integradas na candidatura 31 festas de Inverno, dos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro e Vinhais.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)
