Concelhia do PSD de Macedo está contra a prospeção de volfrâmio em Murçós

A Direção-Geral de Energia e Geologia atribuiu diretos de prospeção e pesquisa de metais pesados, entre eles volfrâmio, estanho, ouro, prata, cobre, chumbo, zinco e outros, numa área que abrange as aldeias de Murçós, no concelho de Macedo, e Agrochão, já no de Vinhais, à empresa Beralt Tin and Wolfram Portugal, S.A..
Tal como aconteceu recentemente aquando da autorização de prospeção de lítio e outros metais pesados no concelho, a Comissão Política Concelhia do PSD de Macedo de Cavaleiros está contra por considerar que se trata de um processo nocivo para a agricultura e para a população, como refere o presidente da concelhia:

“Se por um lado queremos apostar na agricultura, no meio ambiente e no turismo, não podemos, por outro lado, patrocinar o aparecimento de minas a céu aberto.

Temos que ver que naquela zona temos um investimento bastante grande na parte agrícola, em castanheiros, olival e amendoal. Portanto, se queremos um desenvolvimento desse tipo, a exploração de minas vai completamente contra isso.

Para além disso, na zona norte, no limite do nosso concelho, temos também um rio, que é uma fonte de água importante, e estas minas, todas elas, necessitam de água para a lavagem. Isso vai implicar a acumulação de materiais pesados nos lençóis de água, arsénio entre outros, extremamente nocivos para o tipo de desenvolvimento que queremos para a agricultura e bem-estar das populações.

Portanto, estamos radicalmente contra esta pretensão e não tarda nada temos o concelho esburacado.”

Nuno Morais vai mais longe e acusa a autarquia de Macedo de estar a compactuar com estas prospeções, não defendendo o concelho:

 

“Esta autorização saiu no dia 11 de outubro,a autarquia tinha 30 dias para se pronunciar, e que nos saibamos não houve qualquer tipo de pronuncia em relação a esta pretensão. A autarquia representa todo o concelho para que, de alguma maneira, faça uma defesa intransigente do mesmo. Se não o fazem, não resta outra alternativa que não seja, neste caso, o PSD a tomar essa linha da frente de defesa do concelho e das populações.

Isto ultrapassa muito a questão política pois tem a ver com o interesse em relação ao concelho.”

Por sua vez, Benjamim Rodrigues reforça que foi apenas autorizada a prospeção, sobre a qual diz terem emitido um parecer não vinculativo em que concordavam com esse procedimento, desde que não houvesse qualquer impacte ambiental nem prejuízo para as populações.
O autarca de Macedo de Cavaleiros lembra que, em outros tempos, a população de Murçós já beneficiou com a exploração de volfrâmio:

 

“Não temos nada contra. A prospeção, que eu saiba, não tem qualquer impacto ambiental.

Murçós foi uma aldeia onde já houve muito progresso, fruto precisamente da exploração mineira, e ainda hoje vamos àquela aldeia e ouvimos as pessoas falarem com saudade desse tempo, em que tinham dinheiro e poder económico. Murçós perdeu um quinto da população ao longo dos últimos trinta anos, precisamente por causa da desativação das minas.

O propósito da prospeção, além de saber quais são as potencialidade dos minérios que podemos ter no terreno geológico, é também, eventualmente, poder passar para a mineração propriamente dita. Se isso acontecer, depois da prospeção, é exigido que haja um estuda de impacte ambiental, que se der resultados que sejam prejudiciais para o ambiente e para o território, não será autorizada. É tudo tão claro como isto.”

Em resposta à concelhia do PSD, Benjamim Rodrigues diz que a posição tomada não passa de uma “mera jogada política que em nada defende o interesse da população de Murçós”:

 

“É uma atitude precipitada que põe em causa o benefício económico da aldeia de Murçós e de todo o concelho.

Atendendo ao facto que já houve mineração em Murçós durante muitos e longos anos, que foi sinal de progresso económico naquela aldeia, permitindo que a população fosse quatro vezes mais do que é atualmente, obviamente que entendemos esta posição como uma mera jogada política, que em nada defende o interesse da população da aldeia.

Nós temos de ter em consideração que não passa de um estudo prospetivo, que não tem qualquer implicação ambiental.

Aqui o interesse é ambiental e de proporcionar bem-estar à população de Murçós.”

A exploração de volfrâmio na aldeia de Murçós remonta à década de 1940, altura em que este metal se revestia de importância para a produção de armamento durante a II Guerra Mundial.
Teve o seu auge industrial entre 1971 e 1976, tendo sido suspensa de seguida.
Hoje em dia ainda se podem observar diversas frentes de exploração a céu aberto, que juntamente com outros vestígios, constituem o Geossítio Minas de Murçós, componente do Geopark Terras de Cavaleiros.

Foto: Geopark Terras de Cavaleiros

Escrito por ONDA LIVRE