Volte face nas alterações ao pagamento das medidas agro-ambientais. Uma semana depois do Ministério da Agricultura ter avançado, em comunicado, que só estaria assegurado o pagamento de uma medida agro-ambiental por cada agricultor, o que, nas contas da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), representaria um corte de cerca de 20 milhões de euros, tendo em conta que muitos agricultores são beneficiários de mais do que uma medida agro-ambiental, esta segunda-feira, a Ministra da Agricultura garantiu, em Bruxelas, após o conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, que vai prolongar a totalidade das medidas agro-ambientais, em 2020.
O Secretário-Geral da CAP está satisfeito com este recuo, que muito iria prejudicar, principalmente os agricultores da região transmontana fortemente marcada pela Agricultura de pequena dimensão e reduzida capacidade produtiva.
Luís Mira explica com um dado concreto o que estava em causa:
“Eu se tiver três medidas agro-ambientais, só me vão pagar uma. Se tiver uma, continuo a receber a que estava a fazer. A incongruência, neste caso, é que quem praticar uma atividade mais amiga do ambiente será mais penalizado que o senhor, e isso não faz sentido. A verba que está em cima da mesa ronda os 20 milhões de euros e penso que, com um pouco de esforço, se encontrará aqui uma solução para não penalizar estas zonas já deprimidas.”
A título de exemplo, se não houvesse este recuo, só no concelho de Mirandela, o corte no pagamento das medidas agro-ambientais, atingiria cerca de 500 mil euros e iria afetar 270 agricultores, como avança Francisco Pavão, presidente da APPITAD (Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-Os-Montes e Alto Douro)
“90% deste volume de perdas dos agricultores no concelho de Mirandela ronda 500 mil euros que os nossos sócios estavam habituados a receber.
Há gente que já investiu em máquinas e em pastagens.”
Se este corte fosse uma realidade, Rocha Pires, um agricultor de Mirandela, teria um prejuízo a rondar os 12 mil euros
“O prejuízo avaliado neste momento é de cerca de 12 mil euros anuais, e ainda por cima isto coincide com uma crise muito grave do setor olivícola, em que mercê de vários vários problemas, um deles o preço baixo do azeite, depois o ultimato das extratoras de óleo aos lagareiros a obrigar a transferir os custos da sua produção e dos seus investimentos ambientais que têm de fazer, transferi-los para os agricultores, o que faz com que o preço da azeitona seja tão baixo que a maior parte das pessoas não está a colher a azeitona.Os subsídios agrícolas para a zona de Trás-os-Montes são uma questão de subsistência.”
INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)