Adiada para fevereiro a votação do plano de insolvência da Sousacamp

Foi adiada para 19 de fevereiro a votação do plano de insolvência da Sousacamp, a maior produtora de cogumelos do país, com sede em Benlhevai, Vila Flor.

A decisão foi tomada esta tarde, no Trubunal de Vila Flor, onde deveria ter ocorrido a análise e votação da proposta para viabilizar o grupo, adquirido em dezembro pela gestora de capital de risco CoRe Equity.

No final da sessão, José Eduardo Andrade, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Industrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, explicou as razões do adiamento:

“O administrador de insolvência apresentou-se, logo de início, a pedir ao Tribunal a autorização de adiamento da votação. A assembleia decorreu mas apenas a discutir esse adiamento porque supostamente haveria arestas para limar, porém nunca falou em postos de trabalho, que era aquilo que nos interessava saber.”

Era o que interessava saber, porque o plano de insolvência prevê a saída de 90 trabalhadores da empresa de Paredes do grupo Sousacamp.

O sindicato encheu um autocarro com parte desses trabalhadores e veio para junto do Tribunal de Vila Flor protestar contra o despedimento de pessoal.

Leonor Martins trabalha há 12 anos na empresa e está descontente com a forma como querem dispensar os trabalhadores:

“Não concordo e por isso estou aqui a manifestar junto com os colegas. Querem propor mútuo acordo mas nós não queremos. O desemprego que nos estão a dar não está correto, não é normal, por assim dizer. E nós, obviamente não queremos. Se nos querem despedir têm de o fazer da forma que é justa.” 

O dirigente sindical, José Eduardo Andrade, que liderou a concentração junto ao Tribunal de Vila Flor, acrescenta que também ficou descontente com a pressão que está a ser feita sobre os trabalhadores:

“A própria juíza pareceu-me que estava farta de ouvir as trabalhadoras dizerem de sua justiça. Isto não é digno de um Tribunal. Somos a favor da proposta de cooperação, queremos que essa proposta passe mediante as sugestões que incluímos e que fundamentam o perdão de dívida que envolve dinheiros públicos e que se garanta a totalidade dos postos de trabalho. Nós não estamos a pedir nada de transcendente. Falamos de 90 trabalhadores que não vão abalar a saúde financeira. O que a abala são as decisões erradas do capital.” 

Trabalhadores da fábrica da Sousacamp de Paredes concentraram-se ontem à tarde, em frente ao Tribunal de Vila Flor, onde decorreu mais uma assembleia de credores. Em cima da mesa, a votação do plano de insolvência que foi reagendada para 19 de fevereiro, às 10 horas.

O emagrecimento previsto da unidade de Paredes resulta da reorganização industrial traçada para otimizar a atividade do grupo e que passa por suspender a produção naquela fábrica e concentrá-la nas duas outras unidades detidas pela Sousacamp em Benlhevai e Vila Real.

A unidade de Paredes continuará a centralizar o embalamento e a expedição do grupo, o que garante a manutenção de mais de 100 postos de trabalho.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Ansiães)