Um pouco por todo o país, vários estabelecimentos comerciais têm adotado medidas de prevenção à infeção pelo novo coronavírus e alguns estão mesmo a fechar portas, por tempo indeterminado.
A saúde a ser posta em primeiro lugar mas o prejuízo é inevitável e na região não é excepção. Fomos saber como a situação se está a fazer sentir em alguns ramos do comércio em Macedo de Cavaleiros.
No setor hoteleiro, por exemplo, várias reservas estão a ser canceladas. Marisa Alendouro é proprietária de um hotel e fala num prejuízo incalculável:
“Desde que se começou a falar que iam cancelar as atividades e começaram a falar na grave situação em que estamos, as reservas foram canceladas a 100%.
O nosso prejuízo já tem um valor incalculável, tínhamos os fins de semana todos preenchidos até maio com atividades e excursões mas todas foram canceladas.
Se isto não se começar a resolver até ao verão vai ser grave, ao nível do turismo e da economia. As despesas correm mesmo que se feche a porta, que é o que vai acontecer mais tarde ou mais cedo, temos previsão que a partir desta semana isso poderá acontecer, e vai ser muito grave porque mesmo com a porta fechada as despesas continuam a correr. “
Já no que toca à restauração, Patrick Simão refere que no seu restaurante já têm estado a ser tomadas medidas de prevenção e reforço das entregas ao domicílio, serviço este que, assim como o take-away, passam a partir de hoje a ser os únicos que asseguram, e só à hora de almoço. Para este proprietário de restaurante, terão de ser tomadas medidas de apoio aos comerciantes, caso contrário, não tem dúvidas que vai haver despedimentos:
“Na minha faturação a quebra é muito superior a 50%. Nas últimas duas semanas temos estado numa descida constante.
Espero sinceramente que haja decisões da parte de quem governa e manda, para criar linhas de apoio aos comerciantes porque isto vai ser grave para todos em geral. Não se trata apenas do tempo em que vamos estar fechado, mas também o depois, pois eu acredito que mal isto passe a afluência volte, vai demorar. Isso vai trazer uma consequência que me parece inevitável, vai haver pessoas a ir para o desemprego.”
Os cafés e bares, por serem locais de ajuntamento de pessoas, também estão a mudar os horários de funcionamento e alguns têm mesmo encerrado por tempo indeterminado.
É o caso dos dois estabelecimentos de Rui Pacheco que diz tê-lo feito para “o bem de todos”:
“Foi uma medida que achei responsável também porque eu, além de clientes mais velho mas também mais novos, estes que segundo a OMS, ainda têm um pouco daquela irresponsabilidade. Eu tinha de conter isto para o bem de todos, até porque não me conseguiria deitar estando sempre com o pensamento de que poderia infetar e ser infetado.
Óbvio que tudo isto traz prejuízos avultados mas se eu não tiver saúde não tenho como tentar recuperar.”
Por outro lado, nota-se uma maior afluência de pessoas a comprar bens alimentares.
Assim tem acontecido nas pastelarias de João Vieira onde o pão tem tido maior saída:
“O que tem acontecido, principalmente com o pão, é que as pessoas passaram a levar quatro e cinco para congelar, numa eventual falta desse alimento.
Em termos de outros produtos, a diminuição é drástica, nomeadamente no que respeita ao café e pequenos almoços, que não tem havido. No caso do take away, as pessoas vêm buscar a comida para levar para casa mas guardam a distância entre elas enquanto são atendidas, vão às suas vidas mas não se sentam.Em termos de medidas preventivas, atendemos uma pessoa de cada vez, guardando o espaço de um metro e pouco entre os clientes, nos espaços que temos estamos a respeitar a presença de quatro pessoas por cada 100 metros quadrados, sempre que é atendido um cliente os colaboradores fazem desinfeção das mãos e do balcão, e estamos a fechar às 21h.”
Outros estabelecimentos de outros setores também estão a resolver fechar.
Cristiana Pereira, por exemplo, é proprietária de um salão de esteticista e também resolveu encerrar as portas por estes dias:
“Temos de perceber que doença é esta, que é grave já toda a gente percebeu mas acho que não faria sentido ter um espaço aberto e estarmos a correr riscos.
É lógico que ter uma casa fechada implica sempre riscos financeiros, porque as despesas continuam e certamente que a próxima fase não será muito boa nem para mim nem para quem também fechou ortas.Neste momento, penso que é melhor correr esse risco do que outros.”
Em supermercados e outros estabelecimentos propícios a uma aglomeração considerável de pessoas também estão a ser tomadas medidas, como limitação de entrada e alteração de horários.
Escrito por ONDA LIVRE