Desvios ilícitos de água poderão estar na origem dos sucessivos cortes nas habitações da cidade macedense

As sucessivas faltas de água na cidade de Macedo de Cavaleiros, especialmente na denominada “parte alta”, estão a trazer constrangimentos à população.

Fernanda Pires habita na rua das Piscinas (parte alta) há já 18 anos e diz que esta situação acontece todos os anos, especialmente no mês de agosto:

“Em oito dias tivemos cinco vezes sem água e na semana passada já tinha acontecido o mesmo durante dois dias. Isto acontece especialmente no mês de agosto. Já nos queixámos mas dão sempre desculpas. Dizem que é uma avaria ou que são os canos que estão estragados.

Somos quatro pessoas cá em casa, fica difícil. Houve um domingo que tive cá visitas e o meu marido teve de ir buscar água duas vezes ao prado de cavaleiros, com bombos e garrafões.” 

 

Já Helena Matela, residente na mesma rua, assume que as faltas de água têm acontecido de 12 em 12 horas nos últimos dias:

“Moro aqui desde setembro e em abril faltou uma vez a água, e em maio faltou novamente. Eu e o meu marido até pensámos que fosse tratamento de águas, mas não. A partir do dia 28 de junho até ontem a água começou a faltar de 12 em 12h. Se houver necessidade de fazer algum corte que o façam, mas pelo menos que nos avisem.”  

 

O presidente da Câmara Municipal, Benjamim Rodrigues, confessa que os excessos de consumo poderão estar na origem deste problema:

“Nos últimos dias têm havido alguns problemas com o fornecimento de água, aos quais não deverá ser alheio alguns excessos de consumo que eu atribuiria às regas, porque estivemos a fazer a monitorização com as Águas do Norte, acerca dos períodos de maior consumo, e chegamos à conclusão que há consumos durante o início da manhã (5h/6h) que aumentaram. Este não é apenas um problema de perdas de água por roturas, é muito mais grave do que isso. Apelo à população para que tenham cuidado com as regas.

Tudo indica que haverá desvios ilícitos de água e, por isso mesmo, peço à população que, se detetarem esses desvios, que nos comuniquem, pois é muito mau haver falta de água por haver algumas pessoas a desviarem ilegalmente e, ao mesmo tempo, a serem egoístas e a esquecerem-se que todos nós temos direito a ter fornecimento de água.”

 

O Executivo Municipal decidiu adquirir um depósito de água que vai permitir reforçar a capacidade de armazenamento e contratar mais funcionários para melhorar a capacidade de resposta em fugas e ruturas:

“O depósito ajudará mas se não tivermos fornecimento de água para ele, não adianta. Estamos a estudar todas as hipóteses e soluções com equipas credenciadas e capazes. Reforçámos as equipas de piquetes da água para que consigamos reparar fugas que possa haver. 
Na parte alta da cidade é pior mas as pessoas não têm noção que o depósito alto fornece também toda a serra de Ala e isto vai criar problemas também na zona poente.”

 

Ainda assim, Benjamim Rodrigues afirma que o Município Macedense está a ser prejudicado devido à falta de acordo entre a CIM Terras de Trás-os-Montes e a Resíduos do Nordeste na da gestão das águas:

“Que fique bem claro que temos estado condicionados por causa da tomada de decisão da Resíduos do Nordeste, porque estamos integrados na CIM-TTM. A maior parte dos Municípios desta CIM são acionistas da Resíduos do Nordeste e querem constituir uma integração para a gestão das águas. Neste momento, não estamos a conseguir e quem está a ser penalizado é o Município de Macedo de Cavaleiros. Vamos avançar de forma isolada para resolver um problema que nos pões na cauda do país em termos de gestão de água.”

 

Uma situação que tem causado mal-estar à população macedense.

Escrito por ONDA LIVRE