Diretor da escola frequentada pelo jovem autista que terá sido morto pela mãe estranha relatos de comportamento agressivo

O Diretor da escola frequentada pelo jovem autista que terá sido morto pela mãe, na passada segunda-feira, em Cabanelas, no concelho de Mirandela, estranha os relatos de comportamento agressivo do rapaz.
Por outro lado, Rui Correia entende que estas famílias deviam ter outro tipo de apoio para lá do que é feito em contexto escolar.

Rui Correia é diretor do Agrupamento de Escolas “D. Afonso III” de Vinhais há 13 anos, onde há 11 anos nasceu um projeto pioneiro a nível nacional para crianças autistas. Nessa altura era uma unidade específica para tratar de crianças do espectro do autismo, agora com a nova legislação é um
ensino diferenciado para crianças com autismo.
O projeto visa ajudar as crianças com autismo a desenvolver competências específicas ao nível da aprendizagem, do comportamento, da interação social, e da comunicação com vários espaços de atividades que passam pela simples brincadeira, pela pintura, expressão plástica e educação física.
As crianças estão integradas em turmas e, consoante a necessidade, frequentam a sala de ensino estruturado que tem afeta dois professores do ensino especial e dois assistentes operacionais.
Um dos primeiros alunos a frequentar esta unidade, criada em parceria com o Município de Vinhais e a Direção Regional de Educação do Norte, foi o Eduardo José, o rapaz de 17 anos que terá sido morto pela própria mãe.
Rui Correia ficou chocado com esta tragédia e estranha os relatos de que o rapaz tinha ficado agressivo nos últimos tempos:

“Não era nada problemático. Era uma criança muito doce, nunca nos deu qualquer problema ao longo dos 11 anos que aqui esteve, nunca protagonizou qualquer episódio de violência. Também dizem que ele tinha epilepsia, mas isso é muito recente e aqui nunca aconteceu nenhum episódio relacionado com isso.”

 

O diretor do agrupamento estranha igualmente os contornos desta morte, mas admite que possa ter sido por saturação da mãe:

“Porque alguém que está sozinha a tomar conta de uma criança com este tipo de problemas, 24 horas por dia, não deve ser nada fácil, deviam ter outro acompanhamento que não só a escola.”

 

Rui Correia entende que estas famílias deviam ter outro tipo de apoio para lá do que é feito em contexto escolar.

Depois de decretado o encerramento da escola, em meados de março, devido à pandemia da Covid-19, havia um acompanhamento permanente por parte de uma professora:

“Como ele e a mãe nem sequer sabiam ligar o computador não era possível ter as aulas por internet pelo que a alternativa era propor atividades semanais e a professora ligava para a mãe, uma ou duas vezes por semana.”

 

O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que nem sempre é detetada à nascença. Por norma, só a partir dos dois ou três anos de idade é que a doença é despistada sendo que dentro do autismo existem depois patologias diferentes que pedem diferentes intervenções.

INFORMAÇÃO E FOTO CIR (Rádio Terra Quente)