Menos seis mil pipas de vinho do Porto produzidas em 2020

A Região Demarcada do Douro vai produzir na vindima deste ano 102 mil pipas de vinho do Porto.

O quantitativo representa menos seis milhões de euros que em 2019, ano em que foram produzidas 108 mil pipas, mas tendo em conta o cenário de crise teve o acordo das duas profissões (produção e comércio) na reunião do Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto que decorreu ontem no Peso da Régua.

O presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, esclareceu que das 102 mil pipas, 10 mil pipas vão constituir uma reserva qualitativa que terá de ser guardada pelo comércio e vendida ao longo dos próximos 10 anos (excetuando os três primeiros), consoante as necessidades do mercado:

“Este ano, face à pandemia que assolou o nosso território de Portugal Continental, e a todos os problemas com que nos temos debatido ao nível das exportações e do mercado nacional, através do canal Horeca, fixamos o quantitativo total em 102 mil pipas de benefício. Significa isto que há 92 mil pipas mais as 10 mil que, no fundo, são suportadas pelo reforço dos cinco milhões de euros que o Governo disponibilizou para a Região Demarcada do Douro.” 

Apesar de não se terem atingido as 108 mil pipas para que os agricultores não perdessem rendimento em relação ao ano passado, António Lencastre, presidente da Federação Renovação do Douro e vice-presidente da produção no interprofissional, sublinhou que para os dias que correm, uma quebra inferior a 6% é muito equilibrada:

“Acho que isto é o resultado de uma luta grande e crise grandes.

Tivemos uma luta grade porque tivemos de convencer todos os agentes políticos e a própria região de que estávamos em crise, e arranjar meios para que conseguíssemos amenizar a quebra de receita que se previa enorme.

Com este resultado temos uma quebra inferior a 6%, que para os dias que correm me parece muito equilibrada. ” 

E António Saraiva, vice-presidente do comércio no interprofissional e líder da Associação das Empresas de Vinho do Porto, destacou o acordo possível alcançado entre as profissões após várias horas de discussão, mas também sublinhou que o mais difícil vai ser vender:

“Defendemos sempre estabilidade para a região e por isso é que conseguimos este acordo, sempre com esse espírito, mas o mais difícil não é produzir, e hoje aqui foi apenas o que ficou decidido.

O mais difícil é vender, valorizando o produto, para que possamos distribuir os lucros, pois se uma empresa não ganha dinheiro não pode distribuir.
O verdadeiro trabalho vai começar agora.” 

Os representantes das profissões foram unânimes em defender uma forte promoção dos vinhos do Douro para vender mais e melhor.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Ansiães)