A autarquia de Macedo de Cavaleiros quer passar a ser gestora os museus municipais Martim Gonçalves e de Arqueologia Coronel Albino Pereira Lopo, até então geridos pela Associação Terras Quentes, já encerrados desde janeiro de 2019.
A intenção foi dada a conhecer aos deputados municipais em reunião de assembleia pelo presidente da câmara, Benjamim Rodrigues:
“O que vos posso garantir é que nós vamos propor a dissolução e vamos tentar a municipalização, dentro do que são os preceitos legais, obviamente que, isto tudo, depois de um parecer judicial.”
Na reunião de assembleia municipal, Benjamim Rodrigues acusou o presidente da Associação Terras Quentes de ter gravado conversas telefónicas estabelecidas entre os dois, o que constitui um crime:
“Deixo aqui publicamente o meu repudio pela forma como o dr. Carlos Mendes conduziu o processo ultimamente, fazendo uma gravação das conversas que nós tivemos. Isto é um crime e é grave.
Eu vou fazer de conta que isto não existe mas, à partida, para mim, é uma pessoa em quem eu não tenho confiança nem voltarei a ter. Espero que nunca mais represente a associação Terras Quentes nas negociações porque isto é lesa-pátria e está a fazer uma investida contra o município.”
O presidente da associação Terras Quentes, Carlos Mendes, já respondeu, negando o afirmado pelo autarca e solicitando um pedido de desculpas público:
“Nunca realizei a gravação de nenhuma conversa. Das reuniões informais que tivemos, anotei em três páginas os pontos mais importantes discutidos.
Esta é uma grave acusação sem provas do sr. presidente da câmara e um ataque injustificado ao bom nome e honorabilidade do presidente da Associação terras Quentes.Solicita-se um pedido de desculpas público por parte do sr. presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros. “
Ambos os museus encerraram por não ter havido entendimento entre a autarquia e a Associação Terras Quente relativamente ao financiamento.
Benjamim Rodrigues explica os motivos:
“Relativamente a 2018, são solicitados, novamente, 81.509€, o valor por nós atribuído foi de 44 mil euros e pagamos 47 mil, portanto, sempre valores mais altos do que aqueles que ele aceitava no anterior executivo.
Até aqui, não havia razão nenhuma. Quando percebemos que não havia atividades, nem publicação dos cadernos Terras Quentes, e os museus não estavam a funcionar, precisava-se de uma nova estratégia de divulgação e captação de novos públicos. O público que tinham ainda eram as escolas que traziam alunos. Perante isso, resolvemos reequacionar este contrato/protocolo que havia.”
Por sua vez, o presidente da associação, Carlos Mendes, nega que lhes tenha sido dado financiamento a partir do ano de 2018 para apoio às atividades:
“A associação nunca recebeu nenhuma verba da câmara municipal nos anos 2018, 2019 e 2020 para apoio às suas atividades, desde que este executivo tomou posse.A verba recebida no ano de 2018 foi de 52.244,05€, que se destinou unicamente ao pagamento dos três funcionários que exerciam funções nos dois museus municipais, justificados através dos recibos de salários, visto a câmara municipal não ter autorização governamental, à data da celebração do acordo de 2015, para recrutar novos trabalhadores.”
Carlos Mendes esclareceu ainda que “nos últimos três anos, a atividade da associação Terras Quentes esteve condicionada por falta de meios da câmaras municipal e pelo encerramento dos museus municipais” contudo, afirma que, mesmo assim, foram desenvolvidas atividades, como a publicação do caderno Terras Quentes nº 15, realização de uma intervenção arqueológica no sítio da Fraga dos Corvos em Vilar do Monte, promoção de um programa ocupacional do IEFP, ainda a decorrer, para além de diversas ações de investigação.
Termina dizendo que a associação está disponível para dialogar com a autarquia para chegarem a um entendimento para reabertura dos museus e continuar o trabalho de estudo e divulgação do património concelhio.
Escrito por ONDA LIVRE
Pode assistir ao ponto da assembleia que abordou o assunto AQUI
Leia o comunicado da Associação Terras Quentes AQUI