Benjamim Rodrigues abandona Assembleia Municipal por alegadas “faltas de respeito”

Atualizada a 03/11 às 19:49

 

A Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros reuniu ontem à noite, em sessão extraordinária, para discussão da Moção de apoio à construção da ligação do IP2 à Gudiña (Ponto 1) e reflexão, análise e definição do futuro desenvolvimento do concelho (Ponto 2) – proposta do deputado municipal Acácio Espírito Santo na última reunião.

O deputado da bancada socialista apresentou um plano que assenta em quatro eixos, e resulta em 65 medidas para dinamizar o concelho macedense:

“São quatro eixos prioritários, sendo que o primeiro passa pela criação de emprego e promoção de investimento para gerar valor acrescentado. O eixo 2 tem a ver com a inovação, que não se baseia apenas pelo uso da tecnologia. Neste item acrescentei algo que me parece de extrema importância que é a participação cívica ativa, ou seja criarmos concelhos económico-sociais que nos ajudem através das opiniões das pessoas.

Quanto ao eixo três baseia-se na urbanidade e qualidade de vida. Por exemplo, o Parque da Cidade é mais um jardim que um parque.

Por último, o eixo quatro, que é a agenda 2030, onde temos de alocar projetos que envolvem gastos significativos. Por exemplo, tenho cerca de 30 anos de intervenção política e sempre vi as contratações de recursos humanos para a Câmara serem feitas de forma descuidada. Não lhe quero chamar outro nome.”

 

Mas Benjamim Rodrigues, presidente do Município Macedense, afirma que as ideias lançadas por Acácio Espírito Santo “não trazem nada de novo”:

“Na sua maioria, as 65 propostas que são feitas estão a ser já cumpridas pelo município. Não intervim porque os próprios grupos parlamentares não queriam que o fizesse, e na própria Comissão Permanente tinham decidido que eu nem precisava de estar. Eu vim a pedido, e obviamente que queria intervir e rebater cada uma das propostas, que, no fundo, vêm na sequência de um projeto que era o Side Up, um sistema integrado de desenvolvimento económico aqui do município, feito em conjunto entre uma equipa da câmara e o dr. Acácio Espírito Santo. Penso que essa proposta não traz mais nenhuma medida nova além das que já estavam a ser implementadas. 

É apenas um momento de reflexão que acrescenta como mais uma ferramenta.”

 

Na reunião foram ainda apresentadas as diretrizes do documento de planeamento estratégico que está a ser desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), empresa de consultadoria contratada pelo Município Macedense. Uma ideia que não foi “vista com bons olhos” por Nuno Morais, líder da bancada do PSD:

“Acho que todos os partidos têm estratégias de desenvolvimento para o concelho, têm medidas que querem implementar, e é lamentável que passados três anos de Executivo Camarário, o Presidente de Câmara venha apresentar, não de modo próprio nem com as suas ideias, mas sim com a contratação de fundos públicos de uma empresa para desenvolver o plano de crescimento do concelho. Então que é que andamos aqui a fazer? Contratamos empresas pagas pelo dinheiro público? No final de contas será uma empresa que irá fazer o programa eleitoral do presidente para as próximas eleições autárquicas. É lamentável.”

 

A discussão tomou outros contornos quando David Martins, deputado do Partido Social Democrata, propôs um acordo de execução onde a Câmara Municipal pagasse às juntas de freguesia por estarem a desenvolver competências do Município.

Camilo Morais, presidente da Assembleia Municipal, deliberou que esse assunto faria parte da discussão da próxima reunião, mas David Martins não concordou, o que deu início a uma troca de palavras mais acesa entre o deputado e o presidente da Câmara, levando ao abandono da sala por parte de Benjamim Rodrigues. O deputado do PSD diz ter havido “birras” do autarca desde o início da sessão:

“Se a proposta do Ramiro Valadar era válida para ser discutida na assembleia de ontem, a minha também tinha validade para isso.

O sr. presidente da câmara estava a fazer birra desde o início, já tinha ameaçado que saía da assembleia antes de o fazer. Ele não gostou do modo como a reunião decorreu visto que toda a gente o criticou por falta de ideias e isso ficou bem demonstrado quando na altura em que ele deveria falar delas, foi uma empresa apresentar um esboço de um trabalho que vai fazer no concelho.

Tenho de pedir desculpa ao presidente da assembleia e aos meus colegas por eu ter descido ao nível do sr. presidente da câmara.

Se houve faltas de respeito foi por parte do senhor presidente, que abandonou a reunião de assembleia sem a mesma estar terminada.”

 

Benjamim Rodrigues diz-se “atacado” e fala em faltas de respeito no decorrer da reunião:

“Não me revejo neste tipo de assembleias, senti-me ali atacado politicamente de forma desonesta, e quando se falta ao respeito a um presidente da assembleia municipal, acaba por se perder todo o norte neste tipo de discussões cívicas.

Não compactuo com isto e temos que entender que a pessoa em causa é apenas presidente da freguesia que recebe mais, até mesmo do que a de Macedo.

Claro que tem todo o interesse em receber ainda mais mas isso é uma injustiça para os outros colegas.”

 

Ânimos exaltados na sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros.

Quanto à Moção de apoio à construção da ligação do IP2 à Gudiña foi aprovada por unanimidade.

Escrito por ONDA LIVRE 

 

 

Veja aqui o projeto apresentado por Acácio Espírito Santo, “cedido à Rádio Onda Livre para que todos os macedenses possam refletir”:

https://ondalivrefm.net/olfm/wp-content/uploads/2017/09/Eixos-objectivos-e-medidas-compactado.pdf