Menos quantidade de castanha e desvalorização do preço marcam campanha de 2020

Este ano há menos castanha.

A cerca de 15 dias do final da campanha de 2020, o gerente da Cooperativa Soutos os Cavaleiros, que tem associados cerca de 170 produtores dos concelhos a norte do distrito de Bragança, aponta para uma quebra na ordem dos 25%:

“Comparando com os anos anteriores há um decréscimo ligeiro de produção. Penso que rondará os 25%, provavelmente devido às condições atmosféricas, nomeadamente ao verão quente. Os castanheiros também produziram demasiada carga e não conseguiram levar avante todos os frutos. Em termos de valor também há uma quebra na casa dos 25%. Quanto à qualidade, é boa. A campanha está a ser gerida em função das contingências que temos devido à Covid-19.”

 

Contingências de um ano atípico, marcado pela pandemia, que André Vaz diz estar a afetar tanto o processo da apanha como o escoamento:

“A primeira vertente é a questão da colheita. Os produtores têm tido mais cuidados e dificuldade em arranjar pessoas para a colheita. Em termos de entrega, aqui só aceitamos por marcação para evitar as filas. Quanto à comercialização, com a falta de liquidez e a limitação de circulação das pessoas e ao não haver feiras e mercados, o consumo da castanha em fresco caiu drasticamente. Isso reflete-se no preço da castanha. Por outro lado, as empresas de transformação também não têm interesse na castanha de maior calibre, o que ajuda a que o preço desses calibres caia. O calibre de indústria, que é a grande maioria da castanha que temos, em função da boa qualidade que este ano apresenta, está a ter bastante procura.”  

 

No que toca ao concelho de Macedo, onde se concentra a maioria dos associados desta cooperativa, André Vaz refere que embora as doenças estejam a afetar os castanheiros, tem-se assistido a um equilíbrio:

“Na nossa área de concelho ainda não podemos dizer que houve quebra em função das vespas da galha do castanheiro, embora já tenhamos a vespa disseminada por todo o concelho. Quanto às outras doenças, já é algo que vem sendo gradual, porque cada vez há mais castanheiros afetados pelo cancro e pela tinta. Por outro lado, as plantações jovens que foram feitas nos últimos 15/20 anos têm compensado a quebra de produção das árvores que estão a morrer em função das doenças. Está a haver um equilíbrio entre novas árvores em produção e as que vão morrendo em função das doenças.” 

 

Um ano de menos castanhas, boa qualidade, mas dificuldades na apanha e venda do fruto, como consequência da pandemia de Covid-19.

Escrito por ONDA LIVRE