O confinamento tem como objetivo proteger do vírus, mas pode deixar mais vulneráveis algumas crianças vítimas de abuso no seio familiar.
Este foi um dos motivos que, mesmo em tempos de pandemia, levou a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Freixo de Espada à Cinta a promover o seminário “Violência Sexual não é Amor”, como refere Fernanda Ferreira, membro da CPCJ de Freixo:
“Essa é uma das preocupações com que nos debatemos agora, porque, no fundo, as crianças na escola sempre têm um professor e colegas com quem falar, e quando estão fechadas em casa é muito mais complicado. Pode até nem haver abuso no seio familiar mas sim nas redes sociais, onde interagem também desde casa. Depois, as crianças poderão também não ter a confiança suficiente para falar com os pais que, por sua vez, também poderão não ter grande formação e não saber como agir.
O nosso papel agora aumentou.”
O acesso das crianças à internet acontece cada vez mais cedo e a exposição que isso acarreta é um problema que merece a preocupação das autoridades que são quem atua na primeira linha, sublinhou a capitão Edna Almeida, Comandante do Posto da GNR de Torre de Moncorvo e uma das oradoras do seminário:
“As crianças acabam por utilizar a internet e as redes sociais com mais frequência no seu dia a dia do que há uns anos atrás, de forma mais precoce, e acaba por ser um problema.
Ao pais recomendo que façam uma monitorização mais ativa, respeitando a criança, mas sem deixar de estar perto e de acompanhar aquilo que faz na internet.”
O seminário contou ainda com a participação de um professor, que representou a restante comunidade docente que, devido às imposições criadas pela pandemia não puderam estar presencialmente, e outros oradores através de videoconferência, da CPCJ Nacional e Xavier Caparrós, um escritor e terapeuta que intervém sobre a temática em escolas espanholas.
E agora, já há outros projetos para pôr em prática, adianta ainda Fernanda Ferreira:
“Este seminário foi longo e abordaram-se várias problemáticas.
O que pretendemos fazer e ficou aqui mais ou menos alinhavado foi pegar nessas temáticas, trabalhá-las em separado, fazer uns workshops, umas tertúlias, enfim, atividades mais interativas, nas quais quem trabalha com crianças, os pais e até elas próprias, possam estar e trabalharmos mais um a um.
Estamos a pensar em começar com novas atividades à volta disso em janeiro.”
Embora não tenha conhecimento de casos referenciados em Freixo, a presidente da autarquia, Maria do Céu Quintas, considera importante lembrar e abordar a questão:
“Acho que foi muito bom termos feito este seminário, apesar de todas as condicionantes a que esta pandemia nos obriga. É mesmo necessário chamar a atenção das pessoas para que estejam atentas e que ajudem todos aqueles que precisam e são atacados por essa violência que é tão má.
Que eu tenha conhecimento não há casos referenciados aqui em Freixo, mas nunca se sabe se existem ou não.”
O seminário aconteceu no Auditório Municipal de Freixo de Espada à Cinta, sem público.
Escrito por ONDA LIVRE