Caretos assinalam Entrudo Chocalheiro à varanda e querem “queimar” o coronavírus

O Entrudo Chocalheiro deste ano não apela a visitantes nem tão pouco promete a habitual folia de outros anos.

Em 2021, a pandemia de Covid-19 obriga a que a época de Carnaval se reinvente um pouco por todo o mundo.

Os Caretos de Podence, há cerca de um ano reconhecidos como Património Imaterial da Humanidade, não vão sair à rua, mas vão aparecer à varanda. A ideia é que os trajes se tirem do armário, e que a tradição se cumpra.

Os mascarados vão fazer a festa entre 14 e 16 de fevereiro, mas António Carneiro, Presidente da Associação Grupo dos Caretos de Podence, apela a que os mais curiosos não se desloquem à aldeia:

“Isto não é uma comemoração, é sim uma forma de assinalar a tradição que nos enche de muito orgulho, quer a Podence quer a todo o território de Macedo de Cavaleiros. Sendo assim, no dia 14 de fevereiro, domingo gordo, a partir das 16h os Caretos vão estar nas varandas da aldeia, vestidos com os seus trajes, engalanados, e a saltitar. É, como já disse, um ato simbólico de assinalar uma tradição. Não queremos visitantes em Podence, pedimos que fiquem em casa.” 

 

No dia 15 realiza-se uma Webinar, que pretende discutir o Carnaval em diferentes culturas. Junta oradores da Bélgica, Grécia, França, Colômbia, Brasil e Espanha. A iniciativa é organizada pelo Município Macedense, Associação Grupo de Caretos de Podence, o COLAB MORE — Montanhas de Investigação e a Fundação INATEL com o apoio do Instituto Politécnico de Bragança e do Diário de Trás os Montes.

Terça-feira, dia de Carnaval, a partir das17h30, os Caretos de Podence inauguram um mural chamado “Sentir Portugal”, como forma de homenagear Marcelo Rebelo de Sousa:

“Os Caretos continuarão à janela e iremos depois realizar uma pequena cerimónia para inaugurar um mural com o nome Sentir Portugal. É uma forma de reconhecer aquilo que, em 2020, o Presidente da República fez, ou seja, ter vindo a Podence propositadamente para o nosso Carnaval. É uma homenagem, que ficará patente numa das praças de Podence.” 

 

Um Entrudo Chocalheiro diferente, que traz, inevitavelmente, prejuízos a vários setores do concelho macedense, considera João Alves, presidente da junta de freguesia de Podence:

“É lógico que temos prejuízos em todos os sentidos, essencialmente no aspeto económico. Era um dia de alegria para muita gente, e muitos dos nossos emigrantes guardam parte das férias para esta altura, porque é quando gostam mais de vir à terra. Nada disso vai acontecer, é uma grande tristeza.”     

 

Mas os mascarados também querem mandar embora o novo coronavírus e terminam a festa com a queima do Entrudo, o frequente ritual que manda embora o mal e traz de volta a luz.

Com esperança de que a queima acabe com esta pandemia, deseja-se que no próximo ano as ruas de Podence sejam pequenas para os demais visitantes que por lá costumam passar.

As atividades do Entrudo Chocalheiro poderão ser acompanhadas através da página oficial de Facebook do grupo.

 

Escrito por ONDA LIVRE