Se por um lado a pandemia de Covid-19 privou a população do convívio social, por outro fez aumentar a convivência entre quem partilha a mesma casa.
Apesar de o confinamento ter levado a uma descida do número de casos denunciados de violência na infância, os que foram denunciados reportaram situações mais graves, deixa saber Fernanda Almeida, Coordenadora da Equipa Técnica Regional da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens:
“Reduziu porque há as escolas, que são a entidade que mais sinaliza, fechpu-se dentro de portas, e o facto de as famílias terem sido confinadas ao seu espaço doméstico levou a uma menor sinalização das situações.
No entanto, as situação que foram sinalizadas são mais graves porque estando dentro de portas, a violência, o mau-trato e o abuso estão confinados ao espaço da família e de casa.”
Em muitos casos a criança é vítima da chamada “violência indireta”, como explica Elisa Brites, Gestora do Gabinete da APAV de Vila Real:
“Mesmo em confinamento continuamos a ter muitas sinalizações de situações relacionadas com violência no seio familiar. A violência doméstica continua a ser das situações com maior sinalização, em que as crianças continuam a ser o elo mais fraco, em alguns casos porque assistem diariamente a violência entre os progenitores, com o impacto que isso tem no seu desenvolvimento pessoal, formação da personalidade e interiorização de comportamentos que são desadequados e não saudáveis – chamada violência indireta – e há também sinalizações referentes a crianças e jovens em que estes são as vítimas diretas de atos ou abusos sexuais ou agressões, e maioritariamente os agressores são pessoas próximas a elas. “
Também a violência contra idosos tem sido cada vez mais sinalizada:
“A violência contra os idosos também é outra problemática cada vez mais sinalizada, em que existe uma sinalização de cerca de 25 a 30 atendimentos diários nos nossos serviços de proximidade.
A violência contra idosos também é várias vezes exercida por familiares, filhos, cuidadores ou pessoas que lhes são próximas, muitas vezes com quem habitam.
São pessoas que pela sua idade e problemáticas que podem ter associadas necessitam de cuidados muitos especializados e de uma atenção muito especial devido à sua fragilidade e como alvos mais frágeis, com menor possibilidade de pedir ajuda.”
Abril é o mês da prevenção dos maus-tratos na infância e um pouco por todo mundo são promovidas atividades com vista a alertar para a problemática.
Em Freixo de Espada à Cinta, por exemplo, foram várias as iniciativas que tiveram como objetivo alertar os que estão mais próximos mas também a própria vítima, como refere Fernanda Ferreira, da CPCJ de Freixo:
“A vítima também tem de ter noção do que é ser vítima pois muitas vezes, em alguns maus-tratos, ela até está a ser abusada e não tem consciência disso.
Por isso o alertar, o prevenir e o dar a conhecer, para que as pessoas estejam mais informadas, foi sem dúvida o objetivo de todas as atividades que se realizaram ao longo deste mês.”
A prevenção dos maus-tratos na infância estiveram em destaque ao longo de todo o mês.
Escrito por ONDA LIVRE