Utente do Centro de Saúde macedense diz ter sido alvo de racismo por parte do médico de família

Djanaina de Sousa é estudante no Instituto Polotécnico de Bragança e, no ano passado, morou, durante um semestre, na cidade de Macedo de Cavaleiros.

Guineense, de 21 anos, contou à Rádio Onda Livre ter-se sentido maltratada numa deslocação ao centro de saúde macedense, a fim de pedir exames complementares ao seu médico de família, Dr. Adriano Vaz, depois de um entorse no pé. O episódio remete ao passado mês de setembro:

“Quando me chamou eram 18h40. Eu entrei na sala e ele começou a gritar, a dizer que não podia marcar a consulta para aquela hora. Fiquei baralhada, não estava à espera de ser recebida daquela maneira. Tentei explicar que não tinha culpa, e disse-me que trabalhava até às 19h, por isso não ia atender-me. Disse-me ‘vocês só costumam vir no final da tarde, à hora que vos apetece’. ” 

 

Djanaina relata que chegou a ser ameaçada:

“Eu não me consegui controlar e comecei a chorar, muito nervosa. Tentei explicar o que estava ali a fazer e pedi que me encaminhasse para um especialista, que precisava de uma ressonância. Disse-me que não podia. Voltei a tentar explicar a situação e foi quando me disse que se não me calasse, que não me passava nem o exame nem a receita.

Quando saí disse-me que estava nervoso, para lhe fechar a porta.

Dois dias depois fui apresentar queixa e pedir para mudar de médico de família, mas isso não consegui, disseram que não havia vagas.” 

 

A estudante considera mesmo que este é um caso de racismo e revela que já ouviu vários testemunhos semelhantes relativos ao médico em questão:

“Eu sou preta e muitos dos pacientes dele também o são. Vários colegas meus deram queixa dele. Se ele se referiu a ‘vocês’ eu acho que sim, que foi racismo. Ele estava a referir-se a nós, os pretos. O Dr. Adriano, na primeira vez que lá fui, também gritou comigo. Não sei se é feitio dele ou não, inclusive desta vez ameaçou-me que se não me calasse não me passava os exames e os medicamentos. Acho que isso não é uma atitude que um profissional com o cargo dele deve ter.”  

 

Contactámos a Unidade Local de Saúde do Nordeste que revelou estar “em curso um processo interno para apuramento dos factos, sendo que, após a respetiva conclusão, o resultado será formalmente dado a conhecer à utente.”

 

Escrito por ONDA LIVRE