Este ano, há menos castanha nos soutos de Carrazedo de Montenegro, que é onde se situa a maior mancha de qualidade judia da Europa. A quebra nas zonas mais altas pode chegar aos 90%.
De acordo com Lino Sampaio, da Agrifuturo, a culpa é do fungo que tem atingido os castanheiros.
Segundo ele, faltaram tratamentos preventivos que deveriam ter sido feitos no início do mês de agosto, e a prova disso é que quem o fez, tem boa produção, diz:
“Eu sou um dos exemplos porque vou ter, se calhar, a mesma ou mais produção, e temos alguns agricultores a quem também vai acontecer o mesmo.
O que está em causa é a instalação de alguns fungos, que se tivéssemos feito um tratamento preventivo, nada mais que isso, teriam sarado.Toda esta região da judia teria saído ganhadora em relação a outras regiões do país se tivéssemos todos sido assertivos.Começo a questionar qual é o trabalho e porque é que estas associações cobram assistências técnicas aos agricultores e depois não fazem rigorosamente nada.Acho que se todos nós tivéssemos tido uma boa prática agrícola, isto não iria acontecer, e todos os milhares de euros que procuramos e andamos a lutar por eles durante toda a época da colheita, a um mês ou mês e meio, perderam-seSe todos tivéssemos feito aquilo que a associação tem alertado, íamos ter um super ano de produção de castanha judia neste concelho.”
Da mesma opinião não partilha Amílcar Malta, que é produtor de castanha na aldeia da Junqueira e estima não conseguir sequer 10% da produção de castanha habitual.
Para ele, o principal responsável foi o frio:
“Tivemos temperaturas negativas e o castanheiro não resistiu nas terras altas. Nas terras mais baixas, não queimaram.
Estou de acordo que o tratamento faz alguma coisa, mas temos lá em cima quem tenha tratado, como eu, e não vamos ter sequer 10% da produção.Agora, vir alguém dizer que se tratássemos não tinha havido problemas, não nos favorece em nada.O problema que tivemos foi frio, as estações meteorológicas mediram isso, e não foi culpa do míldio ou coisa do género.Claro que depois de vir o frio que queimou, o resto também se associou.”
A tese é reforçada por Filipe Pereira, Técnico da Associação Regional dos Agricultores das Terras de Montenegro, que atribuiu a quebra produtiva a uma junção de vários fatores:
“Existem estudo do IPB, e tenho mensagens escritas escritas de professores de lá, que dizem que nada tem a ver com o fungo, e sim com amplitudes térmicas e com o frio que se registou. Temos as estações meteorológicas e os dados do IPMA que confirmam exatamente isso.
Os castanheiros que receberam tratamento ficaram protegidos, ou seja, têm folhas que se mantêm verdes, mas a castanha não existe porque, na altura da polinização e com o frio, não existe fruto.
O pessoal que tratou na zona flagelada, tem uma melhoria em relação ao pessoal que não o fez quase inexistente. Tratar ou não tratar nestes casos, com o frio, não veio adiantar nada. O tratamento poderá minimizar o inóculo no próximo ano, isso sim é certo. “
Uma quebra significativa na produção de castanha judia na zona de Carrazedo de Montenegro, com elevados prejuízos monetários para aquela zona do distrito vilarealsense.
Escrito por ONDA LIVRE