A campanha da azeitona já arrancou com expetativa de aumento qualidade. Depois de o ano passado ter sido muito bom para a produção do azeite na região transmontana, espera-se que a quantidade se mantenha, mas que haja aumento da qualidade.
Alguns lagares da região optaram por abrir mais cedo do que acontecia tradicionalmente, estando já a receber e a processar a primeira azeitona.
Artur Aragão, empresário do sector, cujo lagar em Alfândega da Fé abriu há cerca de 2 semanas, explica que o calendário foi alargado por motivos de organização, mas também relacionado com a qualidade:
“Temos falta de mão-de-obra e então temos que aproveitar a da agricultura aqui para o lagar. Apanhamos primeiro a nossa azeitona para depois podermos trabalhar e transformar a dos outros agricultores.
Mas também o fazemos por uma questão de qualidade, visto que o azeite mais verde é um azeite com uma qualidade superior, mais frutado, mais amargo, e é isso que dá uma mais-valia para o azeite transmontano.”
Alguns produtores de azeitona ainda mostram alguma resistência em entregar cedo a azeitona, por considerarem que há perda de rendimento, no entanto, há argumentos para que a apanha não seja adiada, refere Victor Lopes, gestor dos azeites Milénium, cujo lagar em Mirandela também já está a laborar há uma semana:
“Daqui a um mês, 30% ou 40% da azeitona que está nas oliveiras vai estar no chão e já não dará azeite. Agora apanha-se 10 mil quilos no olival, no Natal em vez de termos rendimentos de 12%, teremos por ventura rendimentos a 20%, mas também temos metade da azeitona.”
E visto que há registo de ataques de mosca da azeitona em alguns olivais da região, isso pode levar a perdas de produção e de qualidade. O que constitui, segundo Artur Aragão, mais um motivo para a campanha não ser adiada:
“Há bastante ataque de mosca nas azeitonas e isso leva a que ela oxide mais depressa. Se as pessoas a mantiverem na árvore durante muito tempo, e se ficar muito tempo nos reboques, vai oxidar mais depressa, ou seja, a azeitona este ano tem que ser apanhada e transformada o mais rapidamente possível para mantermos a qualidade, senão vamos ter quebra.”
Na campanha de 2021/2022, espera-se que a nível nacional a produção de azeite atinja o valor recorde de 150 mil toneladas. No entanto, em Trás-os-Montes e Alto Douro a quantidade deve ser a de um ano médio cerca de 15 mil toneladas, mas de boa qualidade.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)