Transmontanos apostam cada vez mais por recorrer a energias renováveis na hora de se aquecerem

Para combater o frio da região e com o aumento do preço de combustíveis e da electricidade, as pessoas optam cada vez mais por recorrer a energias renováveis ou sistemas com consumo energético mais baixo. Os apoios do fundo ambiental têm feito aumentar a procura, mas há quem defenda que deveria haver apoios para a factura energética no interior, devido ao clima.

Quando o frio aperta nem todos conseguem manter as casas quentes. Portugal é o quarto país da Europa em que a população tem maior dificuldade em aquecer as habitações durante o período de maior frio.

Segundo o Eurostat, cerca de 17% dos habitantes não são capazes de manter as suas casas confortáveis a nível térmico durante o Inverno, por falta de dinheiro, quando a média europeia é de cerca de 7%.

Sendo Portugal o 8.º país da União Europeia com os preços da electricidade mais elevados, com o aumento acentuado do preço dos combustíveis fósseis, do gás e até de pellets, na região transmontana, onde as temperaturas são muito baixas nos meses de Outono e Inverno, há uma preocupação crescente para optar por sistemas de aquecimento que impliquem menos despesas. Isso mesmo nota Pedro Garcia, da Loja da Energia, em Macedo de Cavaleiros:

“De há oito ou nove anos para cá houve um ‘boom’ dos pellets, agora ainda se vão instalando alguns equipamentos, mas nos últimos anos começou-se a investir na parte eléctrica, nas bombas de calor, principalmente, e ar condicionado, mas 95% das instalações que fazemos têm acoplados painéis fotovoltaicos de auto-consumo”, ao passo que, “até há 10 anos, 70 a 80% era aquecimento central com gasóleo” e “via-se pontualmente alguns sistemas a lenha, mas eram pessoas que a tinham.”

O comerciante da área da climatização considera que deveria haver apoios para os próprios consumos energéticos para a população de regiões como Trás-os-Montes:

“Aqui não se pode olhar para o aquecimento como no Litoral, no Interior é uma necessidade das casas e no Litoral é quase considerado um luxo, porque as temperaturas não têm nada a ver. Se tivéssemos um benefício, por exemplo, nos combustíveis líquidos as pessoas continuariam a optar pelo gasóleo, porque a electricidade também é uma inconstante, não se controla muito o preço.”

Nuno Morais, da empresa de climatização APJ, em Bragança, também afirma que os clientes estão a apostar sobretudo nas bombas de calor, associadas a painéis solares:

“Aqui na zona ainda gostam de ver o lume a arder e optam por pellets, mas “cada vez mais as pessoas têm-se virado para as bombas de calor. Apesar de ser um investimento maior, são máquinas que não dão trabalho de limpeza, não é preciso comprar nem carregar lenha, nem pellets, nem de manutenção”, afirma, por isso, os “pellets têm reduzido cada vez mais.”

Com a diminuição da utilização dos aquecimentos a biocombustíveis e das lareiras tradicionais, a venda de lenha tem diminuído bastante, como refere Paulo Trigo, de Alimonde, no concelho de Bragança:

“Há menos procura, porque também há as máquinas a pellets e as pessoas optam mais por isso, porque é mais limpo e dá menos trabalho”. Mas com a subida do preço dos pellets, já tem ouvido lamentos de antigos clientes que deixaram de lhe comprar lenha. “Com o tempo vai ser como o gasóleo, vai aumentar.”

O aumento do preço dos combustíveis a influenciar também as escolhas do aquecimento.

Os transmontanos tentam combater o frio apostando em sistemas de aquecimento com consumo energético mais baixo e a procura de fontes de energia renovável tem aumentado.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)