Será que um animal de estimação é um bom presente de Natal?

Um cão ou um gato são, muitas vezes, uma opção de presente de Natal.

Na maioria dos casos, a vontade de adotar parte de um casal jovem ou de pais que vêem num animal de estimação uma forma de incutir o sentimento de responsabilidade aos filhos mais novos.

No entanto, há várias associação do país que, nesta altura, não permitem as adoções com medo das devoluções que possam acontecer.

O Cantinho dos Animais, em Viseu, é uma dessas instituições. Por verem, todos os anos, animais a serem abandonados ou devolvidos depois das festas, optaram por congelar o processo adotivo, considerando que “os animais não são prendas”. Da mesma opinião não partilha Nuno Morais. É veterinário municipal em Macedo de Cavaleiros e considera que um animal de estimação é sempre uma excelente escolha. Ainda assim, ressalva a importância de decidir dar esse passo com consciência:

“Ofereçam um animal como prenda porque é fundamental para o desenvolvimento de uma criança, para as funções de guarda e companhia. Nós olhamos para outros países mais desenvolvidos e vemos que a maneira como a sociedade trata os animais também é um reflexo disso mesmo.

Não devemos passar a mensagem de que as pessoas não devem dar animais, porque devem. No entanto, quer a compra, quer a adoção, deve ser responsável. As pessoas sabem que, a partir dali, passam a ter outro membro da família e devem tratá-lo como tal.”

 

No que toca à problemática do abandono, o veterinário considera que, muitas vezes, a falta de condições leva a essa atitude:

“Acho que a problemático do abandono não é muito relevante nas pessoas que adotam. Esse problema reside mais ao nível das pessoas da nossa cidade e aldeias que, muitas vezes, deixam de ter condições económicas para ter um animal e acabam por abandoná-lo. Por vezes também acontece serem pessoas idosas que vão para um lar ou para casa dos filhos e de repente já não podem ter o seu animal. São situações que têm a ver com a sociedade e problemas que nos envolvem enquanto população.” 

 

O importante é que seja sempre encontrada uma solução melhor que o abandono:

“O ideal será contactar o veterinário da autarquia ou alguma clínica, de modo a que a situação possa ser sinalizada e consigamos arranjar uma solução. Os canis estão cheios e procuramos, através de uma segunda adoção, que esses animais vão para outro proprietário. As redes sociais funcionam muito bem nesses apelos mas temos de ter consciência de que não temos capacidade para dar resposta a todos os casos que nos aparecem, infelizmente.” 

 

Nuno Morais apela a que se tenha atenção às condições pessoais de cada um na altura de adotar um animal:

“São 30 anos de experiência nesta área e por isso aconselho a que quem adquire um animal se preocupe com o seu bem-estar. Um animal sofre dos mesmos problemas que nós como a ansiedade e o stress, problemas relacionados com a alimentação ou a falta de água. Pode haver o desejo de adotar um animal mas ele tem de ter condições. Adotar um animal e tê-lo dias inteiros fechado num apartamento, não faz sentido. É terrível para um animal e acaba por sê-lo também para a pessoa que o adota.”

 

Adotar com consciência é também o lema do Cantinho do Animal – Centro de Recolha Oficial Intermunicipal de Animais de Companhia da Terra Quente Transmontana, que atualmente tem lotação esgotada. É por lá que agora habitam 156 patudos.

A quem queira adotar, pode ver todos os animais disponíveis no site oficial do centro.

A máxima é sempre a mesma: adote, mas só se realmente puder.

 

Escrito por ONDA LIVRE