Há aldeias no concelho de Macedo de Cavaleiros que têm estado parcialmente às escuras. Populações estão revoltadas

Os presidentes de junta acusam a empresa responsável pela reparação da iluminação pública, a E-Redes, de não resolver os problemas, que se arrastam há já vários meses, em localidades onde a população é maioritariamente idosa.

Na aldeia de Comunhas, que pertence à freguesia de Ferreira, há cerca de dois meses e meio uma forte trovoada durante a noite fez fundir à volta de 70% das lâmpadas de iluminação pública.

De acordo com o presidente da junta, António Gomes, desde então que tem ligado várias vezes para a empresa responsável, no sentido de resolver o problema, mas sem sucesso até ao momento:

“Já há mais de dois meses e meio que houve uma trovoada que fez queimar bastantes eletrodomésticos e quase todas as lâmpadas da iluminação pública da aldeia. 

A maioria das ruas estão sem luz, apenas umas quatro lâmpadas estão a funcionar.
Isto é uma vergonha pois já reclamámos muito, chegámos até a alertar que a festa da aldeia estava a chegar, e a empresa sempre garantiu que dentro de uns oito dias viriam ao local resolver o problema, mas nada acontece.
A população está chateada e com muita razão.
Contactei também a Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros para que nos desse uma ajuda, mas nem assim vieram resolver. Estamos chateados com a situação.”

Nesta aldeia, a população residente durante o ano é de cerca de 60 pessoas, número que aumenta consideravelmente nos meses de verão, com a vinda dos emigrantes. E a revolta é geral:

“Desde há uns três meses que veio aquela trovoada e não maneira de virem arranjar a luz.

É complicado porque num perímetro de 100 metros, onde deveriam estar a funcionar seis lâmpadas, está uma. Bastava há 50 anos, quando não havia iluminação e tinhamos lodo nas ruas. Agora isto está mais moderno e o normal é que esteja a luz a funcionar.”

 

“Moro lá em cima e estou sem luz. É complicado para andar e até mesmo para sair com o carro.”

 

“Sem luz à noite é um problema e sinto-me insegura.”

 

“É uma vergonha, pois uma pessoa quer ir ver uma amigo, sai de um local com luz mas na outra parte da rua já não há, e isso não é normal. Podemos cair e ir para o hospital. É mais perigoso até para os idosos e crianças.”

No outro lado do concelho, em Lagoa, também tem havido problemas com a prestação de serviços da E-Redes. O presidente da junta de freguesia, Nuno Trindade, conta que em novembro do ano passado reportou à empresa a avaria de 18 lâmpadas, e até agora só foram substituídas cinco, o que aconteceu só cerca de meio ano depois, sem haver justificação para a não intervenção nas restantes.

Uma situação que tem criado constrangimentos à população e a fraca visibilidade até já provocou a queda a uma habitante idosa:

“Uma senhora idosa caiu numa dessas ruas sem iluminação. Já reportei isso à E-Redes também.”

Não bastasse não solucionarem o problema, Nuno Trindade diz-se ainda indignado pelo facto de a E-Redes ter recentemente dado as situações como resolvidas:

“Esse reporte até foi feito no dia 2 de agosto e no dia 10 enviaram mails referindo que estavam todas reparadas com sucesso, mas a verdade é que não houve qualquer intervenção, pois tudo continua na mesma.

Recentemente estive novamente com eles ao telefone e até propus ir com um técnico da empresa ao local para referir quais as lâmpadas fundidas, ao invés de estar a reportar poste a poste, para facilitar.

O serviço não é eficiente e é claro que as pessoas não compreendem isso.”

Situação semelhante acontece também na freguesia ao lado, Morais.

Na aldeia da Sobreda, que pertence à freguesia, quase metade das lâmpadas estão avariadas e em Morais também há algumas por substituir, refere o presidente junta de freguesia, Ramiro Valadar:

“Em Morais há algumas e na Sobreda 40% da aldeia está sem luminárias.

Todos os dias insistimos com mails mas torna-se complicado porque a própria população, por vezes, pensa que não estamos a fazer o nosso trabalho, e embora tenhamos os mails para confirmar, as pessoas querem é o problema resolvido.

Em algumas ruas vivem pessoas idosas, que não têm cá os filhos, estes que mesmo do estrangeiro nos ligam para falar desta situação.”

De acordo com o presidente da junta, apesar de sempre ter havido demoras na reparação da iluminação pública, tem piorado no último ano:

“No último ano tem-se agravado mais. Antigamente comunicávamos, demoravam uns 15/20 dias mas vinham ao local e reparavam.

Ultimamente tem sido muito pior e com outra agravante: às vezes vêm ao local, reparam uma luminária e vão embora, ficando as outras por reparar. Tem sido muito mau.”

Contactámos a empresa em questão, a E-Redes, para obter esclarecimentos sobre as situações referidas, mas sem qualquer resposta até ao fecho desta reportagem.

Situações que preocupam a população e os presidentes de junta destas aldeias do concelho de Macedo de Cavaleiros, onde as noites têm sido mais escuras que o habitual, o que se não for resolvido no curto prazo, será ainda pior nos próximos meses, com a diminuição das horas de claridade.

Escrito por ONDA LIVRE

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