A peça de teatro Selvagem, onde está também representada a tradição dos Caretos de Podence, foi a vencedora do Globo de Ouro de Melhor Peça/Espetáculo este domingo.
Produzida pela companhia Arena Ensemble e encenada por Marco Martins, “Selvagem” convida a uma reflexão sobre o uso da máscara em rituais, investigando o seu significado ancestral.
Conta com a participação de mascarados transmontanos e da Sardenha, em Itália, onde também já foi apresentada.
Um reconhecimento que deixa a companhia satisfeita e o objetivo agora é conseguir levar a peça ao mundo, refere Mariana Brandão, Coordenadora de Projeto do Arena Ensemble:
“É uma alegria para nós pois é um reconhecimento do trabalho que desenvolvemos, não propriamente a pensar em prémios mas quando isso acontece é uma satisfação renovada e é muito bem-vindo.
Gostaríamos que a peça continuasse a passar pelos teatros, até do estrangeiro, e estamos a trabalhar nesse sentido. A peça implica já uma colaboração internacional, na medida que não só tivemos um coprodutor italiano, como também o nosso elenco conta com atores da Sardenha.
Muito gostaríamos que esta peça circulasse por outros países, até porque trata de questões que são universais. Partimos destas duas localidades mas temos em mãos uma peça que tem uma ligação ao mundo.”
No elenco, a representar a tradição dos Caretos de Podence está o careto Rafael Costa, natural desta aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros. Enquanto transmontano, diz-se feliz com o prémio:
“Na minha primeira experiência conseguir chegar a um Globo de Ouro é algo que incentiva e me deixa contente.
É símbolo de que um transmontano e as regiões mais remotas, em relação à capital, também podem pisar os grandes palcos quando nos dão oportunidade.Ficamos todos contentes, depois de tanto trabalho ter esse reconhecimento.É um incentivo para continuarmos a melhorar e a chegar cada vez a mais lugares.”
Esta foi a primeira experiência de Rafael Costa no teatro e já lhe abriu portas para outros projetos no mundo da representação. Agora chegou a vez do cinema:
“Terminei há cerca de 15 dias a gravação de um filme que sairá no próximo ano, presumo.
Chama-se “Clandestina”, é de Maria Mire e conta a história de uma clandestina no tempo da ditadura em Portugal. Eu represento o marido da personagem principal.O contacto nasceu graças à peça “Selvagem”, com a atuação na Culturgest em Lisboa, onde o pessoal da produtora Terratreme me viu atuar e entrou em contacto comigo.”
“Selvagem”, de Marco Martins, venceu o prémio de Melhor Peça/Espetáculo, na Gala de Globos deste ano, organizada pela SIC e pela Revista Caras, e concorreu com “Além da Dor” de Rodrigo Francisco, “Espectros” de Nuno Cardoso, “Monólogo de Uma Mulher Chamada Maria coma Sua Patroa” de Sara Barros Leitão e “Pequeno Teatro ad Usum Delphini Vanitas” de Luís Miguel Cintra.
A peça foi apresentada em Bragança nos dias 8 e 9 de março. O Teatro Municipal de Bragança é um dos coprodutores deste projeto.
Fotos: Cortesia da companhia Arena Ensemble
Escrito por ONDA LIVRE