Crise na Associação de Beneficiários de Macedo mantém-se. Ato eleitoral fic ou deserto

Crise na Associação de Beneficiários de Macedo mantém-se. Ato eleitoral fic ou deserto

Parece haver ainda muita água para correr no caso que assombra a Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros, responsável pelo regadio no concelho macedense, à qual estão a ser impostos encargos elevados, que até agora não eram da sua responsabilidade, sendo o mais penoso a manutenção e sustento energético da Estação Elevatória do Azibo.

Recordo que esta decisão partiu da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), entidade governamental que até agora assumia essas despesas, o que levou a que a direção da associação, em funções, pedisse a demissão, há quase um mês, por não considerar ser exequível para a gestora e nem para os regantes, que dessa forma se verão obrigados a pagar até mais que o dobro pela água que consomem para rega.

Na mesma altura ficou agendada uma reunião com o diretor geral da DGADR, que já aconteceu. O objetivo era tentar chegar a um acordo que aligeirasse os custos que a associação está a ser obrigada a assumir, provavelmente já no próximo ano.

No entanto, as entidades não chegaram a um entendimento satisfatório para ambas as partes e, por isso, mantém-se tudo na mesma, refere Hélder Fernandes, o presidente demissionário da Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros, que a representou na reunião:

“A DGADR mantém a mesma posição que já tinha tido em Lisboa. Esperávamos alguma abertura mas isso não aconteceu.”

Hélder Fernandes diz que a associação teria condições para assumir alguns encargos e, mais tarde, as despesas com a estação elevatória, que ultrapassariam em cerca de 20 mil euros o atual orçamento anual da entidade, se lhes fosse dado mais tempo para pôr no terreno alguns investimentos que iriam permitir que a associação tivesse maior capacidade financeira. A proposta foi feita ao diretor-geral mas não foi aceite:

“Despesas com as viaturas, combustíveis, encargos com a sede e nós, entretanto, também tivemos de assumir outros custos, nomeadamente com a manutenção da barragem.

Todos esses encargos poderiam ser acomodados com algum aumento das taxas, que não fosse em demasia e que fosse exequível para a associação continuar a conseguir receber dos regantes o valor necessário para lhes fazer face.
A estação elevatória é algo completamente diferente que não vemos como poderá ser resolvido a curto prazo. Dentro da estratégia que delineámos é possível, mas não para amanhã, a não ser que haja um aumento extraordinário das taxas. Este é um problema que se põe com uma complexidade, tanto ao nível financeiro como operacional.
Os investimentos que estão aprovados trarão, no futuro, eficiência, por via de haver menos necessidade de bombagem, passando a haver outras condições para se reduzir despesa e, por aí, conseguiríamos alocar o que se poupa à estação elevatória.”

Os investimentos aprovados vão permitir realizar o cadastro e a colocação de contadores no bloco de rega de Macedo de Cavaleiros e construir reservatórios no canal condutor geral, possibilitando o bombeamento de água durante a noite, quando a energia é mais barata, ou o seu armazenamento durante o dia.

Prevê-se que estes investimentos possam estar a funcionar em 2026, tendo sido esse o tempo reclamado pela associação para poder assumir os custos na totalidade.

Entretanto foi realizado um novo ato eleitoral mas ficou vazio. Hélder Fernandes reafirma que, nestas condições, contínua indisponível para liderar a associação:

“A hipótese que restava para continuarmos prendia-se exatamente com alguma alteração ou abertura que pudesse haver, no sentido de resolver esta questão. Não havendo, implicaria estarmos a ir contra a razão pela qual apresentámos demissão e não vale a pena estarmos a manter uma colaboração que nos levaria ao ponto de partida e, no próximo ano, a apresentar demissão novamente.”

Entretanto, também a mesa da assembleia geral da Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros enviou o pedido de demissão à DGADR, à qual cabe agora a responsabilidade de decidir qual o futuro da gestora do maior aproveitamento hidroagrícola do Norte do país.

Foto: ABMC

Escrito por ONDA LIVRE

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