Especialistas e interessados debateram o futuro da construção

Afinal, qual é o futuro da construção imobiliária?

Foi a esta questão que o colóquio “Futuro da Construção e do Imobiliário”, pretendeu chegar com a apresentação de várias soluções e problemáticas.

O arquiteto Jorge Cardoso Teixeira acredita que o paradigma da construção vai sofrer uma grande alteração. A construção circular já é uma realidade em vários países e Portugal também vai acompanhar esse processo:

“Inevitavelmente vai acontecer a transformação do sistema construtivo que temos atualmente para um outro, para onde a modelação e a assemblagem, ou seja, a montagem em obra vai acontecer inevitavelmente. E vai acontecer a vários níveis. Desde na pequena habitação, provavelmente numa fase mais rápida, quer na habitação coletiva, ou na habitação individual e também nos processos de pré-construção.”

O doutorado pela Universidade de Barcelona, acredita que a indústria da construção também vai ser alterada, permitindo uma construção mais rápida, tendo na sua palestra dado exemplos de construção de um hotel em 48 horas, em Xangai, tendo assim a vantagem de ser muito mais rápida:

“Se hoje há uma fileira que constrói materiais para a construção, essa indústria vai ter que abranger e alargar os seus processos para integrar mais qualidade e mais dimensão modelar nos seus produtos.

E isso é muito importante, porque isso vai ser o desígnio pelas diretivas comunitárias, pela carga fiscal e impostos que vamos ter relativamente ao sistema de construtivo atual, que vai possibilitar que o sistema e o paradigma mude.”

Considera que não podemos continuar a investir em valores tão elevados na habitação e temos que investir num conceito base de construção ‘eco friendly”, com casas sustentáveis e que permitirão reduzir a pegada ecológica. Para isso, os edifícios vão passar a ter um passaporte:

“Estes materiais vão começar a ter um bilhete de identidade, ou seja, um passaporte que também vai ser incorporado nos edifícios. Porque se os edifícios pedem esta capacidade de montar e desmontar, tudo isso tem de estar registado, nesse passaporte.

Para que assim durante a vida útil da casa seja facilmente reparada.

Nós vemos lá fora, noutros países que com as alterações climáticas, os edifícios são parcialmente destruídos. Nós podemos ter acidentes climatéricos em Portugal também. Estes novos sistemas construtivos têm que estar mais preparados para responder a este tipo de situação.

Tem que ver claramente com a criação destes passaportes.

O passaporte vai permitir que quando se adquire uma habitação, o comprador vai saber o que tem no edifício e saber quais são os materiais que o edifício tem.”

Um exemplo também mostrado foi por Paulo Arrojado Oliveira, fundador e CEO da empresa Ecotainer Factory, sediada em Leira, desde 2019, que reaproveita contentores marítimos de aço, como explica:

“O que acontece é que nós temos ali uma estrutura fantástica, em aço, que utilizamos e reaproveitamos para fazer, quer para unidades de habitações familiares, quer

alojamento turístico, ou outras utilizações que aquela área nos permite. Estamos a falar áreas que vão desde os 15 m2, que são os contentores com 20 pés, e áreas de 30 m2, que são os contentores de 40 m2. A partir daí, imagine um lego, uma peça maior, uma peça menor e constrói a sua casa.”

Este tipo de construção vai permitir construir a casa mais rapidamente, podendo chegar a 9 meses, e também reduzir monetariamente o custo do edíficio:

“Primeiro, nós fazemos uma casa dentro de 3 a 9 meses e estou a falar desde um T1 até um T4. Desde o momento, que nós temos o projeto de arquitetura até entregar a chave ao cliente. Não tem o custo do estaleiro e da grua, por exemplo. No projeto na sua globalidade, nós conseguimos ter aqui uma poupança efetiva na ordem dos 10% a 15 %.”

A organização deste colóquio esteve a cargo da EXP, uma rede de imediação imobiliária global online, que também foi apresentada pelo seu Managing Boker, Guilherme Grossman e David Almeida.

Para além destas apresentações, também a projetista e CEO da empresa Wander Housing, Bruna Silva apresentou modelos de casas auto-sustentáveis.

Este foi um colóquio que pretendeu estudar a aplicação de novas tecnologias, com solução e técnicas na construção modelar.

Escrito por Rádio Onda Livre

Crédito Fotográficos: EcotainerFactory