Benjamim Rodrigues critica falta de união e de visão estratégica da CIM Terras de Trás-os-Montes

“Não há uma visão estratégica comum de território único no seio da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM) e como consequência disso também não tem existido na região grandes oportunidades de desenvolvimento”.

As declarações são da autoria de Benjamim Rodrigues, e foram proferidas durante o 21º congresso da Federação Distrital de Bragança do PS, que aconteceu em Mirandela, no passado domingo.

O novo líder distrital do PS e também autarca de Macedo de Cavaleiros – um dos nove municípios que integram a CIM Terras de Trás-os-Montes – não poupou nas críticas.

Confrontado com as suas declarações durante a apresentação da moção “por uma Federação coesa e unida” de que existe “falta de união e solidariedade” entre os autarcas da CIM-TTM, Benjamim Rodrigues foi elucidativo na resposta: “honestamente, sim”, afirma.

“Não há uma visão de conjunto, cada um olha para o seu umbigo. Eu digo constantemente, que nós não podemos olhar só para aquilo que queremos no nosso concelho, temos de ter uma visão de desenvolvimento global do território e nós em Terras de Trás-os-Montes não temos grandes oportunidades de desenvolvimento porque de facto não temos uma visão estratégica comum de território único, cada um quer ter o melhor para si e estou a falar nisto para todos os concelhos, porque também sou presidente de um Município da CTM-TTM”, adianta.

E para reforçar a sua tese, Benjamim Rodrigues deixa um exemplo da divisão que diz existir: “como é possível, numa reunião da comunidade intermunicipal decidirmos que a ligação do IP 2 a La Gudiña seria uma das ligações prioritárias, nós tomamos essa decisão ao final da tarde e no dia seguinte o que foi enviado para o Ministério elimina essa possibilidade. É para verem como funciona a CIM-TTM e isto é verdade, eu afirmo perante toda a gente”, diz.

Recorde-se que a CIM-TTM é constituída por cinco autarcas eleitos pelo PSD: Paulo Xavier (Bragança), Helena Barril (Miranda do Douro), António Pimentel (Mogadouro) Pedro Lima (Vila Flor) – atual presidente daquela entidade – e António Vaz (Vimioso).

Há ainda quatro autarcas eleitos pelo PS: Eduardo Tavares (Alfândega da Fé), o próprio Benjamim Rodrigues (Macedo de Cavaleiros), Júlia Rodrigues (Mirandela) e Luís Fernandes (Vinhais).

Ora, Benjamim Rodrigues diz claramente que existe uma divisão entre os autarcas do PS e do PSD. “Enquanto presidente da federação, vou defender os meus ideais e as minhas convicções, aquilo que quero para a região, a visão estratégica comum para um território uno a desenvolver-se numa só voz, mas obviamente que isso é difícil quando temos uma comunidade intermunicipal com cinco presidentes com uma visão política distinta dos outros quatro, por isso temos sempre um território partido ao meio”, lamenta o edil de Macedo.

Uma situação que diz “não acontecer na Comunidade Intermunicipal do Douro” que tem 19 autarcas e dá como exemplo o que aconteceu na semana passada, ao terem conseguido criar um gabinete de ligação junto das instituições da União Europeia para dar a conhecer o potencial da região, poder captar apoios e atrair investimentos inovadores, cujo elo de ligação será feito através de uma empresa de consultadoria, a mesma que já representa a Área Metropolitana do Porto. “Nós” (CIM-TTM) “andamos a falar na criação de um gabinete representativo em Bruxelas há anos, porque a proximidade com os centros decisórios é importante, e nunca se fez isso. Agora a CIM Douro anunciou essa criação e, no entanto, ali há uma hegemonia de direita com poucos autarcas do PS, julgo eu, e no entanto, entendem-se. É isso que não percebo. Agora, é questão para refletir, quem são os culpados”, remata o autarca de Macedo de Cavaleiros que durante a sua intervenção no congresso socialista, quando defendeu a criação deste gabinete em Bruxelas chegou mesmo a sugerir o nome de Artur Nunes (ex-autarca de Miranda do Douro) para liderar essa valência.

INFORMAÇÃO CIR (Escrito por Rádio Terra Quente)