Hoje comemora-se o Mundial da Rádio e nada melhor do que partilhar a “magia” e “paixão” que chega a todos, através de ondas hertzianas que por vezes acabam com a solidão, e que é através deste meio, que muitas pessoas ouvem o que se passa no mundo e também deixam de estar sozinhas.
Por isso fomos ouvir os nossos ouvintes e perceber o porquê de nos acompanhar.
Alice Borges, de 78 anos, ouve-nos de Mirandela, e claramente emocionada explica que a rádio também é uma família:
“Porque gosto, não é verdade? Porque são família também. São a minha companhia. Vocês são tudo para mim. É um grande suporte para mim. Escolhi-vos a vocês pela simpatia, e vão-me fazer chorar…
Pelo afeto que me dão. Por tudo, não tenho palavras para descrever, porque vocês são tudo para mim. Até de noite, eu ouço a rádio. Com a Carlinha, como o Rui, e como com todas as pessoas que já saíram, que gostava muito delas. E gosto muito de vocês.”
A rádio também é uma forma de matar saudades de Portugal, do concelho de Macedo de Cavaleiros, de saber o que se passa, de quando vamos para longe, como é o caso de José Rodrigues, natural de Limãos, de 48 anos, emigrante em França, em Lyon, há 6 anos. Conta que ouve rádio todo o dia:
“Porque estamos no estrangeiro. Somos de Macedo. A minha esposa, é de Mirandela. E ouvimos a rádio, para sabermos as notícias e para matar as saudades de Portugal. Ouvimos rádio todo o dia. Mesmo quando estamos em casa, ouvimos rádio, através da sistema da televisão. No carro ouvimos através da internet e no trabalho. Quando estamos em Portugal ouvimos em FM. E quando estamos no trabalho, em que temos muitos colegas que são de Morais, da Guarda, e mesmo estrangeiros, que já sabem que estamos a ligar para uma rádio portuguesa.”
José Rodrigues é presença habitual do programa dos Discos Pedidos, tal como a sua esposa Názare Pilão de natural de Alvites, no concelho de Mirandela, de 53 anos. Confessa que lhe faz bem à alma:
“É saudades do nosso país. Saber as notícias. Nem sei explicar. São umas saudades e depois ouvir falar da nossa região, é muito bom. Faz um bem à nossa alma. As saudades acabam por diminuir. Estamos a ouvir e na minha cabeça, estou a pensar que estou em Portugal. Praticamente, ouvimos sempre rádio, durante todo o dia. No trabalho, ouvimos a rádio, em casa ouve-se a rádio. E aliás o meu marido quando se deita, coloca uma hora e meia, a dar rádio, também. Deixamos-nos dormir e lá se desliga”.
Também longe, em Toulouse, a 540 quilómetros, mais a sul França, vive e trabalha, Ana Rita Monsalvarga, filha de Názare, de 22 anos, salienta que a animação é fator determinante nesta escolha:
“Animam o dia, não é? Não sei que dizer… É divertido, passam boas músicas e acabam com a solidão de alguns idosos. Para mim, tem sido um espetáculo. Tem-me entretido e animado uns dias. Já ouvia a vossa rádio, porque a minha mãe sempre ouviu. E agora, é que comecei mais a interagir.
Já de Bragança, ouve-nos Luísa Lopes, com cerca de 40 anos, fez rádio em estudante e o “bichinho ficou lá”, como descreve, mesmo havendo espaço para brincadeiras:
“É o meu meio de eleição, porque quando eu tinha cerca de 17 anos, também fiz rádio, enquanto estava a estudar, nos tempos livres. Participava lá na rádio e fazíamos de tudo um pouco. Sempre fiquei com esse bichinho. Escolhi esta rádio, porque são umas pessoas afáveis, simpáticas, e isso diz tudo, não é? E às vezes, também dá para fazer umas brincadeiras engraçadas”.
No Peso da Régua, está Uzulino Amaral, de 75 anos, que ouve via internet, essencialmente:
“É claro que gostei e gosto sempre. Fiz rádio em vários locais, fiz aqui na Régua, em Angola, na Rádio Clube Malange, com o meu saudoso mestre Joaquim Berenguel, que já não se encontra entre nós. Conheci o Jorge Perestrelo, o nosso querido amigo Fernando Correia, e tantos que agora não me estou a recordar.”
E perceber como isto começou também é importante, antes do 25 de abril, em modelo de rádio amador, pela voz e mãos de de Nestor Ochoa:
“Fiz tudo. Fui eu que comecei. Nasceu das minhas mãos. A rádio começou no fundo, de uma brincadeira, porque como fui toda a vida, rádio amador, e nutria muito interesse pela emissão rádio. E partir daí. Foi quando começaram as rádio piratas. E eu juntei-me a um amigo que me ajudou a fazer a parte metálica do emissor, e o resto fui eu, e colocamos o emissor a funcionar. Começou por uma questão de brincadeira e uma questão de nos fazer querer ouvir, e dar a conhecer às pessoas, aqui da zona que era possível, ouvir música delas. E sobretudo, notícias aqui da zona.”
Mas há muitos nomes associados a este nascimento, que o atual diretor da Rádio ONDA LIVRE não consegue precisar. Teve muitos amigos a ajudar, numa ideia que diz que só podia nascer de um louco. Como cúmplice contou, com Sérgio Valadar, também com o Prof. Orlando Falcão, Luis Vaz, entre outros.
Há muitas histórias, para contar e descortinar, muitas aventuras, como ir buscar um emissor a Ourense. Conta que o primeiro emissor da Rádio ONDA LIVRE foi em Lamas e só depois passou para Bornes:
“Onde esteve o primeiro emissor, já com algumas características já profissionais e já com alguma potência. Até porque não nos deixaram montar em Bornes, logo na altura. Vocês não sabem. Os estúdios podem estar onde se queira, mas os emissores das rádios locais, têm que estar localizados dentro do perímetro do concelho a que pertencem. No nosso caso, está lá em cima, em Bornes, para para se chegar lá, foi preciso “meter muitos santos em novena”. Porque, na altura a entidade que agora é representada pela ANACOM, não autorizava a instalação do emissões porque afirmavam que o local era de Alfândega da Fé. E foi preciso ir a Lisboa, umas quantas vezes, aos serviços cartográficos do exército, trazer mapas, para que de facto, fosse configurada a verdade. Porque uma parte, realmente, pertence ao concelho vizinho, mas há uma outra parte, que pertence ao concelho macedense, e à freguesia de Bornes. Portanto, até levar esta instalação a bom porto, foi uma carga de trabalhos. E depois tivemos que transferir o emissor de lamas, para Bornes. Enfim, muito trabalho, muita “carolice”. Só de malucos é que isso pode dar certo.
O dia 13 de fevereiro, foi proclamado na trigésima sexta Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 2011.
O Bareme Rádio da Marktest de 2024 quantificou em 7 milhões e 138 mil portugueses que afirmam ouvir rádio pelo menos uma vez por semana, o que representa 83,1% dos residentes do continente com mais de 15 anos e mais anos. A faixa etária que ouve mais, situa-se entre 35 e 54 anos.
A Rádio Onda Livre foi criada, oficialmente, a 26 de Novembro de 1986.
Por isso aqui fica uma “homenagem a quem deu voz e chegou ao coração de quem ouve”.
Escrito por Rádio ONDA LIVRE
